20.2.10

Círculos



O meu amor por você
é um círculo,
casulo, fechado, incluso,
só meu,
só teu,
tão nosso…

Amor onde cabem
todas as possibilidades
e todas as metamorfoses.

Um círculo perfeito,
sem princípio nem fim,
que começa e termina,
recomeça e segue
na forma da minha
e da tua utopia
transformadas em realidade.

O mundo fica lá fora
quando fechamos
a janela do exterior
e abrimos a porta
dos nossos corações,
onde se desfazem
os dias de pontos finais
e de vírgulas entremeados
de sofridas interjeições.

O que importa é o ponto
de onde parte o círculo
que nunca é um fim,
mas um meio de me alcançar
quando te encontro.

O teu amor é um cículo
que completa o meu amor círculo
e nunca termina...

Porto de Abrigo


Não é que eu valha a pena
já que sou feita de aflições
que fazem apertar o coração,
de loucuras que me roubam as forças,
dos desassossegos que te afastam,
das fraquezas que me esgotam
e vivo cansada para morrer em vésperas.

Fecho os olhos e me deixo arrastar,
não tenho mais as palavras
que faziam meu coração estremecer,
no teu coração não há mais nada para mim.

Meu coração se afoga
num batimento derradeiro,
minha alma morre aos pedaços
em dores abafadas e fundas.

Espero em segredo dias sem sol,
talvez seja tempo de voltar atrás sem mágoa
ou de seguir em frente sem medo
de sufocar por dentro sem vontades,
sem um porto de abrigo
aconchegado no peito...

19.2.10

Mais um...

Pensei muito sobre tudo que conversamos, passar o passado à limpo, enfrentar as mágoas de estimação, fechar a contabilidade entre os sentimentos que estão em conflito e fazer as pazes comigo mesma. Se algumas revoltas não confessas precisarem de expiação, cumprir a devida penitência.

Voltar para dentro é sempre a parte mais difícil, expor o que está dentro é conseqüência que acredito ser suportável.
Preciso de um espaço para organizar essas idéias, daí a idéia do 3º blog, aquele mesmo projeto de 3 anos atrás que acabou por se transformar no meu quintal cheio de prosa e gatos... (rindo muito)

É hora de criar coragem e dar vasão às conversas com meu botões. Já estou providenciando o “cantinho”, quando terminar a decoração (quanta frescura desnecessária), abro as portas ou as “casas” para que as idéias passem aos mesmos botões que muitas vezes respondem ou comentam meus questionamentos..

Carta à um amigo ou amiga? Não será necessário, os botões podem ser qualquer pessoa que deseje ser amigo ou simplesmente goste de ler as divagações sem o comprometimento com a forma poética ...

Outono


Amor é a paixão serenizada,
Paixão é viver em constante ebulição,
Agora que compreendes a poesia,
Agora que brincas de fazer versos
E essa é a melhor parte,
Talvez eu já possa te responder o que procuro...

Procuro um amor antes que à tarde se detenha em mim,
Antes que o outono da minha paisagem
Se transforme no inverno da terceira idade
E quero muito me apaixonar por esse amor,
Não desisto, contino seguindo esse caminho
Em tons dourados de luz e vermelho paixão.

Carta a um amigo

Tu me perguntaste o que eu queria: Amor ou paixão?

Muito insistente argumentavas e discursavas sobre as diferenças entre amor e paixão, do que falavas não era de amor ou paixão, falavas de desejo e tesão
Não sei se percebes as diferenças. Estou convencida de que o amor é decorrência da paixão quando ela se acalma.

Estar apaixonado é viver em estado de tormenta. O juízo nos falta, a sede nunca se sente saciada, o tesão nunca acaba. Sentimos a temperatura alterar até mesmo quando, andando na rua rumo a um compromisso corriqueiro, um pensamento repentino nos transporta até uma lembrança vivida em fogo de paixão, e o sorriso fica cheio de terceiras intenções, um arrepio sobe pela espinha e se aloja no pescoço, o sexo tem uma contração, o bico do seio arrepia e um tremor passa pelo corpo numa corrente vertiginosa.

Até o roçar das pernas, movimento decorrente do caminhar é passível de nos fazer chegar a um orgasmo involuntário.

Ah! Isso é paixão. Estado permanente de fome em que não há pasto que a deixe satisfeita.

É vontade, é inquietação, é andar feito bicho acuado, é ser selvagem, é viver desacorçoado, ansioso, subindo paredes à espera das rédeas que vão conter temporariamente esse fogo que nunca acaba.

É a sensação permanente de ter borboletas na barriga. Quando deixar dee senti-las é porque o fogo da paixão já não te queima e tão pouco a brisa morna do amor te aquece a alma.

Então amigo, quando isso acontecer, "jogue fora as chaves", diga adeus e siga seu caminho, às vezes também é bom estar sozinho...

4 Ângulos

A alma é um oráculo
que no pouco de tudo
não pode ser profanada.

A mente é a âncora
que nos mantém firmes
seja o todo fúria ou calma.

O coração é a carta de amor
a ser escrita e remetida.

O corpo é a morada
onde habita o desejo
do muito e do pouco.

4 ângulos a serem traçados
para nos manter cativos.

Bilhete

Composição: Ivan Lins/ Vitor Martins


Quebrei o teu prato, tranquei o meu quarto
Bebi teu licor
Arrumei a sala, já fiz tua mala
Pus no corredor
Eu limpei minha vida, te tirei do meu corpo
Te tirei das entranhas
Fiz um tipo de aborto
E por fim nosso caso acabou, está morto
Jogue a cópia da chave por debaixo da porta
Que é pra não ter motivo
De pensar numa volta
Fique junto dos teus
Boa sorte, adeus

(video nos quintais)

Uns brilham no palco, outros nos bastidores


Quem se importa?

Eram só palavras,
palavras para qualquer um
que as quisesse ler.

Exposto o nosso sentir...
Nosso?
Exposto o meu sentir,
desnudado em públlico
para a plateia se divertir...

clap...clap...clap

Fechem as cortinas, o show já terminou.

18.2.10

Sorrisos Futéis, Amores Volúveis


Aflita como um animal numa jaula,
sufocando e me perdendo de algo
que nem eu mesma conseguia definir.

Queria palavras,não as que já escrevi
ou ainda as que não dei a forma final.
Procurava outras palavras
que pudessem exprimir e imprimir
esse emaranhado de sentimentos
que me tomam e retomam.

Precisava que afastassem de mim
o vício, a fixação,
o cheiro adivinhado,
o punhal sangrando no peito
esse sentimento chamado amor.

Precisava que afastassem de mim
esse vício de ser e ter
um amor que agonizava
e nada se fazia para o curar.

Precisava da certeza
que não tentarias me encontrar
para acreditar que tudo é findo.

Precisava, preciso ainda,
deixar o coração sangrar
até que se esgote todo sangue
e a dor seja esquecimento.

Inventário desse amor

Palavras jogadas ao vento
sem nenhum respeito
em tons de pouco caso:
"Se não a encontraria,
não seria eu a procurar..."

Sorrisos volúveis
de um amor fútil
porque que quem chora triste
nunca ri à toa....

14.2.10

ÍNDICE DE NAVEGAÇÃO


Consultar o Índice PALAVRAS para ler as palavras que afago, ora em sentimento represado ou minha substância, meu crescer sem termo abundando por todos os poros

3.2.10

Fome de Viver

Toda a música suspensa. Lamento ter apenas pés que espezinham e mãos com garras, que agarram e deixam marcas. Marcas que magoam.

Alguns estados de alma me tranfiguram, não penso, não páro. Sigo sem freios pela ladeira, desgovernada em raivas que me alimentam e incendeiam.Deixo de lado as primeiras impressões, as mais doces e suaves, e são meus destemperos que me guiam cega e furiosa para todas as direções em que me arremeto.


Fico de mãos vazias, coração pesado esmagando o peito. Não tenho desculpas para as tantas lâminas que atiro.
Sigo sempre com a mesma tempestade que nunca amaina. Ando sempre em rota de colisão, não sei como dizer sim porque me habituei ao não. Tão mais fácil negar, tão mais fácil...

Fugindo do perigo de me render aos olhos que nunca pousarão nos meus, abandonar para não ser abandonada, quanta bobagem, a vida precisa viver. Tombei desamparada no interior da mágoa, fui embora da vida dele como entrei: calada, pisando manso para não chamar atenção.

Do que (ainda) não te disse: aproximei-me para saber teu nome e demorei-me mais do que devia, os olhos que queriam olhos e duas mãos estendidas pedindo o abraço que não aconteceu. O coração saltando na tua direção, sabendo que não ficarias para sempre disse para ir sem perguntar se queria ficar porque tinha medo da resposta.


Você chegou sem que eu te visse, mas te reconheci sem demora. Alimento que me enchia de paz e sonhos, risos e ternuras explicitas. O sentir indizível que alcança a beleza imaterial que dentro de mim , melhor me pertencia sem que eu soubesse. Então, como um feixe de luz, você voou e eu fiquei contaminada pela escuridão e pelo perfume advinhado.

Do meu amor posso dizer que cresceu até amadurecer, foi uma transpiração cada vez mais íntima até se transformar em outras formas de linguagem.
Ainda que tudo parecesse um pouco indefinido, eu teria dito: leva-me contigo, sem esperar que o fizesses. Queria ter experimentado a liberdade de o dizer, não fui capaz.

Essas eram as minhas evidências, habitadas de silêncios e despedidas que eu entreguei de coração partido, era tudo que trazia guardado na bagagem desde que fui embora. Desde sempre, em todas as despedidas que já ensaiei e as que dei.

Vou livre para a próxima condenação, meu coraçãao desapropriou aquele espaço em que se guardavam mágoas de estimação.

Ânsia de viver! Fome do mundo!


2.2.10

Porque a vida se fez assim...

Estas são as últimas palavras
que aqui te escrevo.
Todas as outras,
as que escrevi desde que te conheci
e as que hei de escrever ainda,
pertencem a outro lugar.

Um espaço distante dos teus olhos
onde eu possa estar comigo
sem te levar em mim.

Por que escondo as palavras
que te aqueceriam a alma?

Por não saber se algum dia
vou recuperar esses tantos pedaços
que cairam pelo chão.
Feliz ou não, o meu sentir
deixará de povoar teus dias

Por que?

Porque a vida se fez assim...

Filme Triste


Estranhar a poesia,
Não traduzir
o que não existe.
Não viver na memória
de dias idos.

Calar a prosa,
Não traduzir
o que não existe.
Não ler
nas entrelinhas
das primeiras páginas
dias que virão.

Renunciar a esse suspiro
que alivia o peito.
Chorar as lágrimas dos erros.

Despedaçar
as flores dos canteiros,
Não sentir
o beijo morno do sol
em seus poentes.
Abrir mão das horas
passadas à limpo
na madrugada em que me atiraste
no canto das impossibilidades.
Riscar do dicionário
a palavra impossivel.
Não respirar os sonhos teus,
Nascer diferente,
Não viver acorrentada
num filme triste.

Um dia, talvez,
voltar a ser inteira.
Trazer no peito
o fulgor de uma lâmina,
Nas veias sangue em pó
E na garganta a palavra
que nunca se profere...

Foto: Katia Chausheva

Pedras Frias

A casa onde habitei
fica esquecida nas memórias.

Nínguem a me guiar, melhor assim.
Avanço cheia de dúvidas
e nenhuma certeza, melhor assim.

Sinto frio.
Minhas palavras sangram,
meu peito anda febril.

Um dia acreditar,
Abandonar o vazio,
No dia seguinte
Sonhos abafados
que caem pelo chão.

Não trago espantos,
Recorro à máscara,
Ser amarga e gritar.

Não chorar,
Deixar cair o sorriso,
Deixar de acreditar,
Sentir o peso
das palavras fechadas.
Procurar os cantos
escuros da alma.

Mudar,
Saber dizer adeus
de costas voltadas.
Ignorar sinais,
Aquecer o coração
entre duas pedras frias.

Grito

Eu deveria ficar em silêncio,
Não fosse a noite de ontem
E o abalo tão grande que me assaltou,
Prefiro o grito,
E grito:

- Seja de que maneira for,
é preciso continuar vivendo.

Egoísta


Um dedo que nos alcança todas as feridas
nenhum sopro de esquecimento
que acalme os minutos
que fazem engasgar essa raiva

Sempre a espera das palavras,
as mesmas que tantas vezes
foram capazes de virar do avesso
a seqüência ordinária dos dias.

Feridas já expostas se alastrando
afastando as vontades
de um início sem fim

O pavor sempre te cegando
para o que sou,
já que serei sempre incompreensível
diante do teu entendimento.
Me ver seria voltar para dentro de si
olhando dentro dos espelhos,
quando estes mostram mais
do que a primeira impressão,
ou a possibilidade última.

Tenho alguém que perdi
e que nunca cheguei a conhecer.

Quem não tem?

Subtração

Silêncio,
estou onde me colocaste,
aqui faço minha morada.

Silêncio,
certas feridas
não se estancam.

Silêncio,
estou à parte de mim,
hoje sou subtração.

1.2.10

Menina Nua e Crua



O dia não nasceu triste,
Mas anoiteceu magoado.

Frágil em ser errante
Invadindo a solidão
Marcando as vestes
De uma menina
Que se despiu,
Se entregou com alegria
Para ser abandonada triste
Exposta em amargura.


Triste por ela,
Triste com ela,
Triste por causa dela,
Só dela
Por estar nua
Diante de se estar crua...

Apenas a esperança deste dia
Em mais um devasso marco da existência.

Apenas céu
seu

E adeus...

Escultura de Henrique Moreira

12 anos atrás..)

Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....