25.9.11

Vou-me embora esvaziar a palavra.




A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões".



Cheguei no momento das perguntas: Por que é que as coisas são assim? Quais as escolhas preciso fazer para mudar o que me incomoda?

Uma parada para refletir sobre alguns sentidos que as coisas tinham para mim até este preciso momento e re-descobrir algumas certezas e INcertezas da vida que estou carregando desde sempre, ou se deixar de lado o exagero, o desde sempre se reduz a um tempo mais demorado do que me lembro.

Pensei em rever alguns principios, mas a questão não é essa. A questão é rever a mim mesma, o que tenho feito, como adam minhas interações com as pessoas, se não está na hora de esvaziar armários e gavetas, doar o que não uso mais e nem vou usar, simplificar de dentro para fora, enfim, deixar de acumular silêncios e pendências.

Começo pela tralha que tenho em armários que nunca abro, gavetas esquecidas no quarto de arrumações e por este blog.

Volto a escrever, ou tentar passar para o "papel" dando forma poética ou não, aos rascunhos que venho acumulando pela vida desde que aprendi a dar forma a palavra escrita.

Não sei se aprendi de verdade, não tenho a pretensão de chamar de poesia ou texto literário, ainda mais agora em tempos de ACORDOS tão cheios de desacordos. Seja lá como for, vou passar meus rascunhos a limpo.

Depois, quando tiver (e se tiver) uma nova morada, deixo o endereço aqui.

Foi bom enquanto durou a palavra represada, mas agora perdeu o sentido pois a palavra quer jorrar livremente.

Bem, as coisas podem dar certo ou não, duas opções que têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços. O certo é que já está decidido que seja qual for essa escolha, ela será vivida sem acumulações ou unhas de posse.

Vou arriscar ...


Beijos a todos que passaram por aqui.

14.9.11

Não-poético

O mundo adormecia vagarosamente
naquele longínquo entardecer,
ele procurava e não via,
ela contemplava o esmalte das unhas..

13.9.11

Vou Embora


Vou voar
Esse vôo
Sem destino,

Vou voar
Coração triste
Sem enganos,

Vou voar
Para longe de Mim,
Para longe de Ti

Vou
Voar
Talvez
Volte
Enfim...





..."vou-me embora pra passárgada..." Manuel Bandeira

7.9.11

Nota sobre o luar

A lua tem o teu cheiro.
Às vezes.
Às vezes não.
É só Lua.
Tua.
Fotografia antiga tirada a sépia
que guardo no céu para que ninguém roube.

As marés teimam em escondê-la
nos quartos e na nova,
mas a sala é grande e
a velhice sabe esperar pelos eclipses.
Venham as marés.
Venham elas.

Venha o mar,
O mar tem tua cor.
Às vezes.
Às vezes não.
É só mar.
Teu.

O mar é grande,
É tempo de amar.
Venham as fases da Lua,
Venham elas.

Que venha esse homem...

Laço de Fita




A ilusão.
Tudo cabia naquela mistura promíscua de sonhos e aventuras de outrora
onde faziam-se tranças atadas por um laço de fita.
Nos joelhos vim-se as marcas de hematomas adquiridos
em consequencia de alguma travessura, os dedos lambuzados numa lata de leite condensado esquecida sobre a pia na pressa de socorrer o pudim de leite a ser servido no domingo...

As nuvens no céu tinham o aspecto de algodão doce.

E eram...

5.9.11

Doce de fadas




Talvez eu seja
a flor disfarçada de espinho,

Uma bruxa, quem sabe?

Moura torta não sei,
mas pode ser.

Uma monstra na beira do rio
esperando um desavisado escorregar
e levá-lo para bem fundo até se afogar.

Não importa, bruxas mouras ou monstras
também têm coração embora desmintam.

O certo é que um dia
a fada madrinha de todos os opostos
após uma grande ressaca
vai me transformar no doce da casinha na floresta...








Ai então, nínguem vai me segurar...

4.9.11

Expectativas



Foi bom?
- Sim, foi bom.

Foi bom porque não levei expectativas na bagagem,
Valorizei os cheiros, cores, sons e gentes,
Vivi cada segundo como se fosse o último,
Sorria o riso largo e barulhento do amanhecer
até anoitecer em sonos sem sonhos.

Os olhos marejaram e o coração apertou
Pelo abraço que não comunguei,
E sei que não fui a única a sentir assim...

- Sim, eu sei!

Não cultivei saudades antecipadas,
Não perdi a fé no tempo,
Senhor que tudo cura e a tudo provém.

Foi bom, foi ótimo.

- Foi sim!


testemunho de viagem

12 anos atrás..)

Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....