31.8.10

Prosa

Estou aqui com você para mais uma prosa da vida, sei que tens mais experiência de vida que eu, as minhas são mais voltadas aos sonhos que não vivi mas um dia irei viver e fico triste por constatar que ainda tens os olhos fechados para algumas mágicas....

Eu que tanto tenho aprendido contigo, me vejo no direito de te chamar à atenção para as pequenas coisas que por distração ou por alguns cansaços tens deixado passar.

Sim, há momentos na vida em que as coisas desandam e isso fere porque nos dá uma certeza da qual não podemos fugir nunca, a certeza de que não temos o controle sobre tudo e que muitas coisas acontecem, independentes da nossa vontade.

Alguns dias amanhecem sem esplendor apenas aos olhos de quem anda muito agoniado para ver o arco-íris bordado em fios de seda de que eles são feitos e que esse orvalhar da manhã são as lágrimas que a noite derrama para saciar a sede dos campos.

À tarde ao vestir seu manto de tempestade, prova que esses dias seguem calmos em sua beleza e tudo está no seu lugar. Como dizer que essa mesma noite, que sacia os campos, não tem estrelas? Essas estrelas que em bandos, se vestem de luz só para te encontrar.

A lua, tua amiga lua, te observa calma e serena. Não vês como ela te sorri? O mundo continua lá fora, a vida segue, as pessoas passam por nós e essas são as nossas certezas

Esses dias que amanhecem cinzas no teu sentir, também são dias a serem lembrados com ternura e humildade. Dias que passam e trazem vivências de uma riqueza infinita, mesmo que não sejam dias pintados em aquarela.

Se no encanto de uma música teu dia amanhece esplendor, não te esqueças que mesmo sendo o sol que te trás de volta a alegria, a Lua continua te sorrindo. As estrelas brincam soltas pelo céu, alguns pássaros povoam a noite e outros descansam para encher de música teu novo dia.

E eu, do avesso ou não, serei para sempre tua amiga. Uns dias passando como uma tempestade, em outros um lago descansando na paisagem. Seja como for, com você no coração.

Com amor e carinho imenso

Vera

18.8.10

Estrelas Voadoras


Sinto saudades
daquelas constelações
do teu olhar,
onde pingavam
estrelas voadoras.

Intimo

Lembrei da tua voz
Que tem jeito
De tarde quente
Depois da chuva
E senti um calafrio
Que é tão brisa
Quanto o ar que interiorizo.

É tempo

Vai-se o tempo,
Fica a vontade.

É tempo de lavar
As paredes do corpo
E renascer, quase intacta.


(Foi por causa das saudades que deixei de roer as unhas. Preciso de mim inteira.)

16.8.10

Dias Felizes


Talvez eu fale de Ti
Para saber até onde
Gosto de Mim.
Se gostas de Mim,
Não demore a chamar,
Porque os dias felizes
Não têm história
E sinto saudades
Dos meus dias mais felizes.

(talvez esse poema seja o ninho onde podemos dormir sem estarmos sós)

Algumas músicas me tocam profundamente, por isso não me canso de ouvi-las...

Ouvindo:

Voar

Meu vício agora
É o passar do tempo,
Meu
vício agora
É movimento,
É o vento,
É voar, voar ...

"Eu vivo a vida na ilusãoEntre o chão e os aresVou sonhando em outros ares, vouFingindo ser o que eu já souFingindo ser o que já souMesmo sem me libertar eu vou" Marcelo Camelo


9.8.10

Velada

Queria poder me despedir de ti,
Diz porque não sou capaz?

Mesmo depois de ter chorado
Tantas vezes a mágoa
Do que nunca alcançaste,
Porque não sou capaz
De te deixar partir?

Mesmo que já não estejas comigo,
E eu me pergunte, compulsivamente:
- Será que alguma vez estiveste?
Porque nem assim sou capaz?

Esse salto no escuro
É também a negação que me dá alento
Para as horas em que não estás aqui,
Então restam-me as palavras,
O remédio santo dos sem retorno.

É por isso que não consigo ir embora.

Cura

A ferida faz olhar em frente
À procura de uma cura
Para as antigas dores
Sempre tão atuais.

Num lugar qualquer,
Improvável e incerto,
Deixo-me ficar mais um pouco
E quem não percebe isso,
Não poderá atravessar comigo
Aquela ponte,
A que me leva
Ao meu lado feliz.

8.8.10

Fábula


                                                                                    Pensei, sinceramente pensei
que eras o príncipe por mim encantado,
prestes a enfrentar meus dragões,
que entrasse de espada em punho
pelas masmorras onde me escondo
e definho desde sempre a tua espera.

Pensei, sinceramente pensei
que eras o príncipe por mim encantado
portador do beijo que não me queimou,
dono das mãos que não me afagaram.

Por momentos foste tu
o príncipe encantado por mim.

Sim, foste tu e acima de tudo
foste também a promessa de uma promessa,
a voz do outro lado que calou
porque não podia ser.

Pensei, sinceramente pensei
que eras o príncipe por mim encantado
a me resgatar do cansaço
que é não pertencer a lado nenhum.

Pensei, sinceramente pensei
que serias o regresso,
a volta para casa,
a minha loucura.

Eu sei amor,
ninguém salva ninguém...


6.8.10

Hoje a saudade foi maior que tudo


És o pouco de tudo,
És porque assim te acolho
E deixo que me sejas mesmo assim..

Quero-te bem
Mas não me deixes à deriva,
Ao sul de nenhum norte.

Estou cansada de insistir em ficar,
Cansada de ser mandada embora,
Hoje a saudade foi maior que tudo
Porque sinto cansaços...

Rastros

Entre dois rastros
Minha própria ficção
Vou tecendo em fios ilusórios
De mim mesma

À beira dos meus abismos
Declaro meu próprio motim
tentando chegar ao outro lado
Conservada em chamas
Sou também minha própria fronteira.

Tu, meu amor,
És meu nascente e poente,
As cifras de todos meus códigos,
Meus sinais mais tênues,
Para um rastro,
O rastro que virá

2.8.10

Quando


Quando eu como,
como tudo.

Quando eu amo,
amo todo.

Quando eu quero,
quero tudo.

Quero
ser toda sua,
matar no teu corpo
meu desejo louco.

Então amor,
Vem despejar no meu corpo
o gozo que me inspira.

Invade meu profundo,
respira,
não fale,
sorva-me,
penetre,
sirva-se
da minha boca
e de todo o resto...

Ouvindo:

http://www.nuaideia.com/nac/m/maria_bethania/um_jeito_estupido_de_te_amar_BN.mid

O Botim


O Botim:

- A flor.

Porque foste tu
A me colher em silêncios,
A me desfolhar inteira
Em palavras e suspiros.

Mas a mão que afaga,
Pesa e me afasta.

Vestida de vazios
Em total escuridão
Eu me recolho em abandono.

O silêncio me conforta
E vela meu sono sem sonhos...


Fotografia: Yury Borden

Quarto Crescente



Entre brisas e ventos
Deixei de navegar
Por mares de solidão

Sou tua como a lua
No último quarto
A espera de ser Lua Cheia


Ouvindo:
http://www.nossosite.biz/Bossa-Nova/Eliana-Printes/Flor-De-Acucena.mid

12 anos atrás..)

Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....