31.5.09

Quarto Crescente


Deixei de navegar
em mares de solidão,
hoje sou brisa,
sonho de valsa...

Sou tua
como a Lua
em sua última fase
depois do último quarto...

O Amor é Lâmina


O amor tinha data para acabar,
foi suicida por ser verdadeiro
em seu curto sopro de vida.

O mergulhar de corpo e alma
só aconteceu porque ele tinha
prazo de validade.

Esse amor de data marcada,
terminou como começou:

Entre soluços e sorrisos
suspirados do fundo da alma,
querendo um querer desmedido,
amor profundo,
lâmina passada rente na carne...

23.5.09

Impossibilidades (Insurreição)

Terei um dia a capacidade
de ceder?

Admitir que anseio
por mãos firmes
que me puxem num abraço
acompanhado de um
ouvir dizer:

"- sossega a alma,
aquieta o espírito,
aceite as pessoas como elas são,
chega de guerras,
encosta a cabeça no meu peito
ouve meu coração em silêncio,
não lute,
entregue-se!”

Seguir meu curso,
esquecer toda a mágoa
porque rejeitei
todas as mãos
que me estenderam?

Alimentei desassossegos,
fugi de todos os braços
que se abriram
em ninhos.

Fiquei surda para
os dizeres do meu coração,
não saciei minha sede,
não matei minha fome...

O corpo tanto reclamava
da minha teimosia,
mas nem a ele dei ouvidos.

Por que afastei as palavras
que amainavam as tempestades
da minha alma doidivanas,
que estaria apaziguada?

Por que não me entreguei,
não me rendi,
não me deixei arder,
flamejar
e consumir
mesmo sabendo
que um dia tudo
poderia acabar?

Por que lutei consciente
guerras perdidas?

Por que não ouvi
os aleluias das mentiras
que me prometiam
a doçura das breves ilusões
se elas me bastariam?

Por que sempre mergulhei
com rasa consciência
na tensão das mutações
e nos enredos densos
de personagens que se
desagregavam de mim?

Apenas para fugir?

Se essas mãos existissem
E essa voz me soprasse:

- Vem...

Eu voltaria?
Eu me entregaria?

- Sim, penso que sim.

Do que Gosto

Prefiro gestos
às palavras faladas.

Respeito:
as palavras
silenciosas...

As palavras
escritas,
os olhares cheios
de expressões mudas,
os toques sem intenções
e intensos em querer tocar
no seu desejo primitivo.

Gosto de amores
que acontecem
nas tenras idades
em que a maldade
nem era nascida...

Doce adolescência
De descobertas mutuas.

Palavras Verdes

As palavras,
Algumas,
Sempre nos fazem convergir,
Uma nos leva as outras

Outras, muitas,
São fronteiras cruzadas
Desafiando qualquer
Sentimento de ordem

E como luz e escuridão
Não podem existir juntas

11.5.09

Ceifadora




Certos olhares
Ceifam os olhares
Que atraem

Certos olhares
Nunca olham
Antes da hora

Certos olhares
Exageram,
Olham além
Porque certos olhares
Sentem

Não deveriam ser permitidos
Olhares assim...

Procedimento



Alguma feridas abertas
Não podem ser estancadas.

Ando costurando cirurgicamente,
As minhas.

Ah, nunca esquecendo
De trocar os curativos,
E fazer a assepsia.

6.5.09

Sangue Frio

Não fale do que não sabes
Porque minhas feridas são profundas
E hoje estou sangrando.

Quero sangrar por todos os poros
Toda dor que me traz
Os ecos da existência
Que na figura destroem
A solidão que me assola.

Eu sou o efeito
Das minhas horas
Por essência da minha existência,
Eu sofro,
Sangro,
Morro,

Preciso
Necessito
Resgatar
...minhas rotas alteradas

4.5.09

Despedida (ou quase isso)


Este blog em particular deverá mudar de dominio, estrutura, contexto, enfim mudar. Por ser o mais pessoal e intimista ele se encontra como eu, sem direção e inquieto.

De tempos em tempos algumas mudanças se fazem necessárias. Em algumas fases e estados de alma tenho essa urgência vital de estar em movimento, às vezes insisto em algumas coisas até a exaustão e não entendo porque o faço se já sei por antecipação como acabam essas histórias.

A minha natureza é essencialmente anarquica, não permite amarras, só as consentidas.
Talvez seja uma vontade represada de me fixar, render-me e sossegar o espirito. A insistência de algumas vezes pode ser motivada por esse desejo de ancorar num porto seguro, não sei.

A necessidade de voltar ao movimento constante das "ondas", ao nomadismo, a segurança de mim mesma sempre acontece quando alguma mão se abre e eu encontro o vão dos dedos por onde posso escorrer.

A falta de tempo também tem contribuído para dar a atenção que eu desejaria ao que escrevo, e tenho escrito muito. Como disse antes, andei me viciando no papel e na pena.

Não resolvi ainda, se será neste espaço e no Mapa do Meu Nada que eu vou abrir o que foi escrito com sangue, alegria e lágrimas na minha alma nesses últimos meses.

Fica o tempo que me dou para pensar se esse Mapa tão explicito do meu tudo terá a capacidade de suportar mais palavras ou se elas devem imigrar para outra cidadela.

Beijos a quem passa por aqui.

1.5.09

Oceano



Ao mergulhar
Bebo de ti
Com sofreguidão
Até não precisar mais,
Contemplo tuas dimensões.
As vezes encontro resistência,
Ali onde desejo estar
Mas sou amante que sabe
Que tudo terá de novo.
A figura se configura
Pois habito teu desejo.
Ali, a profundidade
Do oceano é percebida,
Não como silêncio vazio,
Mas como isolamento.
Respiração é como rebentação
Onde o eu vive em comunhão
Com o outro
Celebrando ritos
Quando os 5 sentidos
Pedem vida.
Amo-te e não sei
Porque te amo tanto
E com que carícias
Hei de te amar mais ainda
Nessa hora em que o dia
É despedida.

O mar que se enfeita de espumas
E suas ondas me cobrem
Fundando o amor
Dentro de um oceano de jardins...

12 anos atrás..)

Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....