26.5.07

Ela e Ele

Foto: Alba Luna

Ela

Seios em alerta,
Joelhos em penitência,
Lábios a espera,
O corpo deposto em tuas mãos,
EU rendida


O que quero
Não és capaz de me dar.
Não insista,
Desista.
Nem eu mesma
Sei o que quero...



Foto: helena margarida pires de sousa

Ele

Raiz vertiginosa,
Centelha invisível
Ardendo em meio
A fogueira das vaidades,
Pássaro tatuado em sombras,
Uma ilha cercada de flores sedentas,
Fauno absoluto da floresta imaginável
Distribuindo beijos entre as que,
Delicadamente,
cercavam-no de mãos,
Seios e aflições,
E a nenhuma entregava seus desejos...

Elas se abriam,
Sussurravam,
Bramiam,
Suplicavam.
Insistiam,
Ele se fechava
Em palavras vãs,
Sorrisos pré-fabricados...

Ao chegarem os cansaços da noite
Era no regaço dos meus versos
Que ele procurava alento,
Paz,
Descanso...

Entre o seu ser e o meu ser, Existia a ausência...

Ouvindo:

Ela: Enquanto Durmo

Ele: Corcel Na Tempestade

25.5.07

Tantas Palavras



Só sente medo do silêncio
Quem não aprendeu a ouvir
As vozes que ele cala

A solidão só faz mal
A que não descobriu
A calma que ela encerra

Não invente razões
Para não lembrar
Bastou te ver mais uma vez
Para saber que não passou...

Palavras, tantas.
Talvez uma declaração de amor
Que na aventura de um pensamento
Possa te seguir em sonhos
E não ter que partir nunca mais...

Que pena

Havia escrito um poeminha no momento em que conversava com uma pessoa querida. Não sei de onde veio uma palavra que caiu como um vazio, quebrou o encanto e o poeminha ficou triste...


Em dias de antes
que já foram dias-coloridos
escrevi um poeminha
singelo,
bobinho,
Mas o bicho papão
Passou a mão nos versos
E enfiou tudo no saco confusão,
O poeminha ficou preso
No coração
e os dias aquarela
Tornaram-se dias-saudades.
Perderam o sentido
deixando o poeminha,
que era tão sentido
muito sentido.
Ao poeminha primeiro,
que era presente,
acrescentei um punhado de versos
que não cabiam no poeminha de antes,
e o poeminha que passou
só deixou saudades em seu lugar...

Que pena...

Voa poeminha,
Vai dizer aquele moço
Que pena...

Ouvindo: Que Pena

23.5.07

Isolda


Meu vicio de luar é intenso,
Meu desejo de você é pleno,
E a bruxa explodindo
Os contornos de seu corpo
Em fada se encanta,
Mas não consegue abraçar
Seu amor inteiro,
E ao adivinhá-lo
Vai se abrindo em versos...

Ouvindo: Mariposa

18.5.07

Memória do Corpo


O silêncio,
Melhor que qualquer palavra,
Os pensamentos sem repouso
Não trazem tristezas acumuladas
A alma que em vigília
Confessa suas mágoas ao vento,
Traz dentro de si tempestades

Quero ser apenas o que sou,
A memória do corpo,
Os rascunhos da alma ...

Foto: Google's

Ouvindo:A Fuego Lento

17.5.07

Iguais



Não o eu,
Mas o meu igual
Que trás a alma secreta,
O espírito cego e abstrato
Que habita os silêncios,
Abrigo dos meus refúgios,
A memória súbita
De ternuras e querências
Que alimentam meus gestos
Superlativos,
Doces
Obsessivos

Foto: Christian Coigny

Ouvindo:
Estacio holly Estacio ( Luiz Melodia & Zizi Possi )

14.5.07

Os bichos e outras bobagens


Se não tem as chaves
não bata na porta,
dê meia volta...

Se não tem mão leve,
não ameace com chicotinhos
porque eu sou:
bicho de estimação,
bicho preguiça,
bicho do mato
bicho de pelúcia,
só preciso de cafuné,
muito dengo
e massagem no pé...

Então se não sabe valsar,
Não vá arriscar um tango...

Foto: Google's

8.5.07

O sono sem querências



Os cansaços de alguns excessos,
Lançam sobre mim
Suas redes.
São horas...
Vou rasgar meus poemas
De versos alterados
Concebidos em partes,
As cartas de amor
Não remetidas,
Os mapas antigos
De rotas não percorridas,
Vou me abandonar
Aos vazios do sono
Sem promessas de sonhos ...

Foto: Chae Geun Lim

Ouvindo Montserrat Caballe - Bohemian Rhapsody

5.5.07

Versos


Versos andróginos, vastidões...
Minha substância,
meu crescer sem termo
são braços paralelos
de forma exígua,
Não penso nas distâncias da vida,
luz fugidia,
sem rastros,
solidificada de silêncios
do tamanho do tempo...

Foto: Googles
Ouvindo:
Vambora

12 anos atrás..)

Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....