30.3.09

Como Voltar?



Mergulhei de tal forma nas palavras que acabei por me afundar nelas. Queria ser capaz de retornar ao ponto em que deixá-las fluir neste espaço fosse o mesmo que respirar aliviada por me livrar delas. Voltar a compartilhar o que sempre me manteve cativa e tão submersa.

Uso a falta de tempo como desculpa, pois na verdade ando ciumenta das palavras tenho tatuado em papel.

Não sei com que pernas devo voltar, ou melhor, com que dedos devo trocar o papel e a pena pelas teclas.

Deve ser uma fase mais longa que as outras, não sei...

16.3.09

Eu penso em Você


Você ainda pensa em mim?

Sente a falta da nossa
cumplicidade sem compromisso?

Eu penso em você,
Sempre...

Esse sempre às vezes
Vem num suspiro
De olhos rasos,
Outras,
Num suspiro dobrado
Em sorrisos solitários
Perdidos ao acaso
Que ninguém entende
Porque sorrisos tão gratuitos,
Assim por apenas serem,
Sorrisos.

Sim,
Eu penso em você.

Com a emoção
Das alegrias perdidas
Que comungamos
Quando estávamos juntos
Sem o compromisso estreito
Do mundo lá fora,
Onde só a vontade
Que Um tinha do Outro
E o Outro do Um.
Sem explicações em medidas.

Sim,
Eu ainda penso em você...

- Porque não preciso te esquecer.

Foto: Rodrigo Bela Vista

1.3.09

Olhos Teus


Olhares de condenação
Olhares de aprovação
Olhares de destruição
Olhares de incentivo
Olhares de raiva
Olhares de paz
Olhares de tristeza
Olhares de alegria
Olhares de aflição
Olhares de saudades
Olhares de perplexidade
Olhares de indignação
Olhares de ternura
Olhares de afeto
Olhares de amor

Olhares cegos:
(de natureza morta
incapazes de Ver
quando Olham)

E Olhares comos os teus,
Que cuidam,
Velam...

Olhos do coração que sente.

Expressões


I

A maneira do tempo
Se dobra numa expressão
Que em si, sobra.

“- É tarde demais!”

Assim pronunciada,
Sem preocupação
Relacionada ao visível
É um jogo de palavras
Sempre dizendo
Algo diferente.

E o que estiver por trás
Do que se quis dizer
Permanecerá para sempre
Escondido.

Dependendo da entonação,
Talvez nunca entendido.

II

“-Não Sei.”

Mesmo murmurada,
Amorosamente
Ou avolumada
Por algo ultrajante,
É mais uma expressão
Que em si, sobra.

É o pensar depressa,
Para disfarçar,
Não deixar provas,
Um dizer de justificações forjadas.

É o impasse de si mesmo
Insolúvel
Como a soma
De dois números

Deserto Habitável



Quero as palavras
Do teu silencio
Não as palavras rebuscadas
Que fartam os olhos
Mas não saciam a alma

Prefiro antes,
O silencio despovoado

Eu tenho sede,
E se chegar,
Será para a desordem

Só pode haver o encontro
De dois mistérios
Se um se entregar ao outro.

Não sendo inteiro,
Que a sede continue,
O desejo permaneça
No silencio mutilado
Por falta de nutrição

E em abandono,
Continuaremos estranhos
Que não se encontram,
Povoando cada um
Os seus vazios de solidão.

Foto: JET ...

Espaços Intemporais


O tempo é indivisível,
Imutável.

Temos a necessidade,
Extravagante
Essencialmente arrogante,
De dividir o tempo
E nomeá-lo
Para nos nortearmos.

É no meu vazio
Que esse tempo passa,
Tire-me de mim
E fica esse vazio temporal
Eu prefiro espaços intemporais

É do tempo que
Quero escapar
Para poder me encontrar
Em mim.

12 anos atrás..)

Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....