30.7.07

Vocábulos em festa


Romper todos os nãos
Sem as formas e arestas,
Que existem dentro de mim
Para que,
despida dos egos amorfos,
A mulher,
que andava adormecida,
Possa emergir de suas sombras
E abandonar a mulher em exílio.

No infinito que molda a sua existência,
Ela deixe de ser um número indivisível,
Para ser vocábulos em festa,
A geografia de dois corpos em movimento
Sem a necessidade de possuir.

Foto: Web
Ouvindo:
Ella (Alejandro Sanz)

23.7.07

Palavras ao Vento

"Não tens quem traduza a tua alma..."
Se eu pudesse, desta janela imaginária, ver o mar da minha saudade, será que minha alma poderia finalmente ser traduzida?

Ainda sinto o perfume do alecrim aos molhos e o gosto do sal que molha meu rosto ...


Maluco Beleza

19.7.07

Namorar


Na tua boca
Deixa brincar
Na tua língua
E me misturar
Na tua saliva ...

Nos teus braços
Deixa enroscar
Meu peito no teu
Feito pássaro no ninho..

E se mais couber
Encosta teu rosto
No meu
E cola meu corpo
Ao teu...

Tela: O beijo - Edvard Munch

Ouvindo: Patience


15.7.07

(Verbos)


Meus olhos
Nos teus olhos
Sorrindo (olhando)

Minha boca
Na tua boca
Sorrindo (beijando)

Minhas mãos
Nas tuas mãos
Sorrindo (tocando)

Meu corpo
No teu corpo
Sorrindo (consumando)

Meu suspiro
No teu suspiro
Sorrindo (concluindo)

Foto: Web

Ouvindo:You're In My Heart (The Final Acclaim)


Tempo Perdido



Ao sentir que enfim nada valeu
Tenta chorar a canção dos tristes
Entoa teu lamento em acordes sem fim
Tempo perdido em esforço
As entranhas expostas
E a dor que consome
Não permite descanso
Cavalgar lutas incessantes
Tombar sobre lençóis em gozo perdido
Mesmo morrendo de desamor
Preferir ficar só com sua ilusão
do que dar fim à esperança
de amor em sua cama e coração
Tentar esquecer e não saber se vai voltar
E se voltar com que pernas chegar
Tempo de amor perdido
Horas perdidas,
Gemidos silenciados,
Lutas sem gloria
Solidão e vazios...


Ouvindo:
Esquadros
Foto: Web

13.7.07

Eu e Você


Eu

Se eu disser que vou,
Entrega-me teu corpo
Mesmo que cansado da estrada.

Se eu não souber o caminho,
Entrega-me a luz das tuas palavras,
Para que a venda que trago nos olhos se desfaça.

Se eu tiver medo,
Lança teu sentimento
e vem, definitivamente e sempre...

Não te esqueças que:
És o fruto maduro
E eu, a colheita certa...

Você

Um homem abandonado,
Despido,
Quieto,
entregue
Pronto para amar
Pronto para não pertencer a ninguém...

Fotos: Web

Ouvindo:

Ela: Teus olhos

Ele:Ruas de outono

12.7.07

Hoje


Será que ele vai entender
Que não posso adivinhar
O que faz seu coração apertar,
suas palavras andarem mudas,
e que razões levam sua alma a se esquivar?

Será que ele pode compreender
Que meus olhos andam cheios de cansaços
E eu queria apenas fechá-los e descansar,
Esvaziar mente e alma tão completamente
Zerando todos os medidores de tempo e espaço
Para ser um nada absoluto ?

É que às vezes a palavra fica trancada,
A agonia sufoca por não conseguir se verbalizar,
E eu não sei se é apenas porque não quero
Ou porque tenho medo do que posso querer...

Foto:Web

Ouvindo: Hoy Ya No Estas Aqui


9.7.07

Sangue extinto


Persiste o lado avesso
Que nunca se expõe
E nem se dissipa.
A existência,
Um deserto sem miragens,
Meu eu abreviado,
De gestos vagos
Claro e explicito
E tão transitório,
Sonhando sem raízes
O sangue extinto...

Foto: Web

Ouvindo:
Doce Vampiro

7.7.07

A Beleza da Mentira


A consciência de uma verdade fugidia
Que se esconde num poema,
Não me pertence, e no entanto,
Em mim deixa suas marcas,
Procurando nele, o que me habita,
Tentando decifrar sentimentos
Encobertos pela beleza da mentira.

O traço incerto desses versos
Não flui como o rio,
Em seu percurso sem paradas,
Para escutar os silêncios
E acolher os desvarios da alma.

Então porque me afliges
Se te quero sem sentido?
Porque me torturas
Se não te quero poema?

Ouvindo: BOA SORTE (Ben Harper)

5.7.07

Poema Abstrato


Quando os sentidos ,
Sem idéias preconcebidas,
Apontam suas percepções
Para longe das indefinições
Que explicam o mundo,
o que absorvo é a linguagem inteligível
de sentimentos desencontrados
dando vida a uns poucos versos
que encenam o drama de uma clausura
cujas portas imaginárias se fecham
diante da dor eterna,
afastando os percursos de acidentes,
de renúncias,
das impossibilidades
do caminhar sem direção,
sulcando suas marcas de saudades
no meu poema abstrato...

Deva - Michael Parkes

1.7.07

Sentido Ilusório


Talvez eu vá cultivar
Algumas reflexões
Enquanto uma procissão de brisas
Invade meus quintais
De toscas cercas,
Varrendo a angústia, que,
Às vezes me toca,
Angustia por não saber
Tantas coisas,
Tão pouco saber tudo.

Eu, a esquecida de mim,
Nada sei,
Trago apenas meu sentido ilusório,
Único que preenche
Meus antros imaginários
E me dá uma vaga idéia
De onde se inicia esta,
Que se quer vésperas
De um meio dia
E não mais que um dia...

Foto:Ewa Brzozowska
Ouvindo:
Mistérios


12 anos atrás..)

Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....