30.11.08

Quero Esse Homem


Quero esse homem
Pernas e braços sem rumo
Boca e sexo descrentes
Tomando meu corpo como
O mar que invade a praia

Quero esse homem
Arrancando meus segredos
Traduzidos em suspiros e gemidos

Quero esse homem
Que toma sem licenças
Que possua sem consentimentos

Quero esse homem crescendo em mim
A qualquer hora
Em qualquer lugar
De qualquer jeito
Minha cabeça nas nuvens
E a dele entre as minhas pernas...



Foto: Web
Ouvindo: Eu Te Devoro

26.11.08

Gatos



Um gato vadio

Que vagabundeia
Por ai
Errante,
Nômade,
Inconstante,
Não sonha,

(se gatos sonhassem)

Com leite quente,
Almofadas macias,
Um sofá para arranhar,
Um colo cheiroso
Para adormecer...

Um gato doméstico,
Nunca vai além
Dos seus limites,
Seu mundo é a casa,
Pessoas que ele acolheu,
Alguns passeios
Por quintais
E telhados
Sempre próximos
Do território familiar,
O seu sonho

(se gatos sonhassem)

Seria ter uma vida vadia.

Às vezes gatos domésticos
Fazem de conta

(se gatos soubessem fazer de conta)

Que são vadios
E se atrevem a ir mais longe,
Quando acontece,

- Porque sempre acontece!

Eles se metem em confusão,
Voltam correndo para casa,
Para as mãos que o afagam,
Matam sua fome
E matem a ordem de seu mundo
Para que ele volte a sonhar

(se gatos sonhassem)

Que são gatos vadios.

O Poeta e o Poema

O POETA E O POEMA

(Alphonsus de Guimaraens Filho)


Nenhum poema se faz de matéria abstrata.
É a carne, e seus suplícios,
ternuras,
alegrias,
é a carne, é o que ilumina a carne, a essência,
o luminoso e o opaco do poema.

Nenhum poema. Nenhum pode nascer do
[ inexistente.
A vida é mais real que a realidade.
E em seus contrastes e seqüelas, funda
um reino onde pervagam
não a agonia de um, não o alvoroço
de outro,
mas o assombro de todos num caminho
estranho
como infinito corredor que ecoa
passos idos (de agora,
e de ontem e de sempre),
passos,
risos e choros — num reino
que nada tem de utópico, antes
mais duro do que rocha,
mais duro do que rocha da esperança
(do desespero?),
mais duro do que a nossa frágil carne,
nossa atônita alma,
— duros pesar de seu destino, duros
pesar de serem só a hora do sonho,
do sofrimento,
de indizível espanto,
e por fim um silêncio que arrepia
a epiderme do acaso:

(...)

Não há poema isento.
Há é o homem.
Há é o homem e o poema.
Fundidos.

(Alphonsus de Guimaraens Filho)

24.11.08

As Muheres que Eu Rasguei



Nenhum de Nós
Composição: Thedy Corrêa, Veco Marques, Carlos Stein, Sady Homrich

Água morna na banheira
No meu corpo
Minhas roupas no chão
O cenário de um crime
Que estava para acontecer

Meu segredo
Minhas mãos molhadas
Seguravam as revistas
Onde estavam as mulheres
Que não eram reais
Mas que me pertenciam
Mais do que outra qualquer

As revistas em pedaços
Das mulheres que eu rasguei
Eu vou me despedir
As mulheres em pedaço
Das revistas que eu rasguei
Eu vou me despedir

Helen
Que eu não via há muito tempo
Suas longas unhas afiadas, vivas
Nua na foto
Nos ombros um véu
Todo seu corpo era encantador

Nina
Linda aleijada
Moga mutilada, que eu amava tanto
Eu vestido de padre
O nosso pecado
A igreja e o altar
São os sonhos de um jovem ateu

Garotinha
Minha favorita
Nada mais que um nome
E um crime a faca em San Diego
Onde foi se juntar com as outras
Que sumiam com a água
Rumo ao esgoto e depois ao mar
As revistas em pedaços...

19.11.08

Amor




Desce teus dedos

Pelos meus cabelos

Afaga minha nuca

Com mãos de quem sabe,

Em meus seios pousa

Teus beijos

No meu ventre descansa

Tua língua

Afasta minhas pernas

E toma o que ofereço,

Mergulha tua boca

Na minha boca,

Bebe meu desejo

E toma o que é teu


Para te beijar

Um segundo


Para Te amar

Um Beijo

18.11.08

Entre Paixão e Saudade

A Tua Paixão

Um misto de emoções,
Instintos
Fogo árduo,
Escarpado,
De pouca dura


A Tua Saudade

Ausências
Inexistência,
Falta,
Carência.
O recordar nostálgico e suave
De pessoas distantes,
Coisas passadas
Capacidade de sentir,
Receber
Paixões,
Pesar,
Mágoa,
Ou desgosto.
Afeição
Abalando estruturas
Ternamente
Enamorado da eterna saudade
De uma ausência preservada

17.11.08

Poeminha




Tudo nele são notas de uma canção
Que me embala antes de dormir,

Versos de um poema que me afagam
Quando sinto vazios,

Cores numa palheta
Que colorem a tela dos meus dias,

Vaga-lumes que bordam

Minhas noites sem estrelas...

Imagem: Web

Ouvindo:
SilêNcio

15.11.08

Tua Paixão


Um misto de emoções,

Instintos

Fogo árduo,

Escarpado,

De pouca dura

14.11.08

A Tua Saudade


Ausências
Inexistência,
Falta,
Carência.
O recordar nostálgico e suave
De pessoas distantes,
Coisas passadas
Capacidade de sentir,
Receber
Paixões,
Pesar,
Mágoa,
Ou desgosto.

Afeição
Abalando estruturas
Ternamente
Enamorado da eterna saudade
De uma ausência preservada

Ouvindo
: Dono_dos_teus_olhos
Imagem: Web

9.11.08

Ir Embora


E agora?
Ela foi embora,
Ele ficou só.
Ela à mercê do vazio
Que agora a rodeia.
Ele ficou e guardou consigo
O que pertencia a ambos

Ela foi embora,
Ele ficou só.
Ele engasgou as perguntas
Sem respostas,
Desejos represados,
Trancou num canto de si
A vida que fluía pelo seu sangue.

Ela levou o vazio repleto do cheiro,
Sons,
Cores,
Silêncios,
A luz do sorriso fácil,
E tudo que pertencia a ambos
Foi com ela.

Não deveriam ter se abandonado,
Um do Outro,
No momento exato em que eram tão inexatos,
E perfeitamente simétricos.

Mas ela foi.
Ele ficou
Acompanhado do maior dela,
Ela foi cheia de vontade dele
Esperando que alguma coisa aconteça.

Agora ela está para onde foi
Sem saber quem ele era,
E ele ficou perdido num tempo
Que já não era.

Ela foi e levou
O que ele havia perdido,
Ele ficou pelos caminhos
Que percorreram juntos,
Mas que agora é outro.

Imagem: MARIAH

8.11.08

Meu Coração Batia por Mim Mesma


Meu coração batia por ninguém
Esparramava-se no chão
Talvez devesse chorar
Para limpar meus olhos,
Minhas dúvidas,
As imagens que me acumulam,
Tem uma cebola ou
A falta de um grande amor
para me emprestar?
As noticias não,
Essas não me fazem chorar
Meu coração ainda batia,
Batia por mim mesma

Ouvindo: Sentado_a_Beira_do_Caminho
Imagem: Web

Coisas Bobas

Não penso que é o ódio que te alimenta,
Sei que as distâncias que impomos
Nem sempre são calculistas,
Premeditadas,
Possíveis,
Persuasivas.

Vamos é fazer de conta
Que o hoje é possivel
Nas palavras que doamos.

Fazer coisas bobas como:
Mergulhar no raso,
Andar na chuva,
Chupar sorvete no frio,
Dormir com os cabelos molhados,
Tomar sopa pelo prato
Fazendo barulho,
Dar gargalhadas num tom maior.

Deixar prara depois
Alguma coisa urgente,
Nunca alimentar
A solidão do Eu
Que se resguarda
Mas vive pela metade.

Olhar estrelas,
Sentir o vento,
Viver um pouco mais
E melhor...

5.11.08

Meu Bem Querer


Um querer que às vezes,

Muito poucas mesmo,

Sinto tão meu.


Outras vezes,

Muitas vezes,

Eu o sinto um querer

Só meu.

Um gemido de amor

Que morre na garganta,

Uma dor que não

Esconde seu papel.

Um amor mudo,

Um olhar abstrato,

Uma frase calada,

Um coração que se entrega...


Agora não sei mais

Por que não consigo te esquecer.

Imagem: Konstantinos Vassilakis

Ouvindo: Dores de Amores


4.11.08

Convite


Olhos perdidos que observam
Seus novos dias esperam por mim
Com a mesma insistência
Dos velhos dias
Seus dias esperam por mim,
Vamos fugir?
Venha comigo...
Me leve embora,
para longe de ti


Foto: Sophia Douma

Ouvindo:Eu Só Sei Amar Assim


3.11.08

Em Algum Lugar


Não sei talvez preguiça ou alguns cansaços.

Falar de onde me escondo sempre me consome e logo fico aflita como bicho preso andando de um lado para outro. Hoje nem o verso, nem a música e muito menos o imaginar me trouxeram paz.

Ando cansada, tenho pressa, preciso de um lugar onde eu possa me esconder e que a futilidade possa me alcançar o quanto antes. Não gosto de me sentir nua, não por pudor, sempre por não saber como carregar a adaga que atravessa e sangra.

Quem pode traduzir a minha agonia?
Talvez só eu, mas estou tão cansada.
Queria um porre,
chapar a cara,
dormir o sono sem sonhos...

(o final desta conversa foi só para você sem o público, intimista)

12 anos atrás..)

Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....