5.1.14

Beijos de Chá de Camomila



Não quero um amor que me desatine ou me largue sozinha num planalto.
Não quero um homem com olhar de falsas modéstias,
nem quero palavras doces amaciadas ou beijos de chá de camomila.
Quero ficar embasbacada com um porte firme na lapela da alma,
duas mãos de incêndio e uma boca sempre pronta a me escrutinar a pele.
Quero uma epifania, um monumento de boas memórias e muitas histórias subcutâneas.

Tela: O Beijo - Klimt




Sonhos


Ando com tantos pensamentos que me FALTAM dedos para verbalizá-los
por isso GOSTO cada vez mais dos meus
SoNhOs.

Azul

Um dia de inverno sem asas,
sonhei com o AZUL.
AZUL que me incendiou com o seu olhar de artista.
Agora trago o céu,
os amigos e as nuvens nas persianas do tempo,
onde há luz AZUL
e tragos de sol
(e vento, gosto do vento).

Descomunal

"É para lá que eu vou

Para além da orelha existe um tom, à extremidade do olhar um aspecto, às
pontas dos dedos um objeto - é para lá que eu vou.

À ponta do lápis o traço. Onde expira um pensamento está uma idéia, ao derradeiro hálito da alegria uma outra alegria, à ponta da espeda a magia - é para lá que eu vou. Na ponta dos pés o salto.

Parece a história de alguém que foi e não voltou - é para lá que eu vou.
Ou não vou? Vou sim. E volto para ver como estão as coisas. Se continuam mágicas. Realidade? eu vos espero. É para lá que eu vou.

Na ponta da palavra está a palavra. Quero usar a palavra "tertúlia" e não sei aonde e quando. À beira da tertúlia estou eu. À beira de eu estou mim. É para mim que vou. E de mim saio pra ver. Ver o quê? ver o que existe.

Depois de morta é para a realidade que vou. Por enquanto é sonho. Sonho fatídico. Mas depois - depois tudo é real. E a alma livre procura um canto para se acomodar. Mim é um eu que anuncio. Não sei sobre o que estou falando. Estou falando do nada. Eu sou nada. Depois de morta engrandecerei e me espalharei, e alguém dirá com amor meu nome. É para o meu pobre nome que vou.

E de lá, volto para chamar o nome do ser amado e dos filhos. Eles me responderão. Enfim terei uma resposta. Que resposta? a do amor. Amor eu vos amo tanto. Eu amo o amor. O amor é vermelho. O ciúme é verde. Meus olhos são verdes tã oescuros que na fotografia saem negros. Meu segredo é ter os olhos verdes e ninguém saber.

À extremidade de mim estou eu. Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta. Mas a que canta. A que diz palavras. Palavras ao vento? que importa, os ventos as trazem de novo e eu as possuo.

Eu à beira do vento. O morro dos ventos uivantes me chama. Vou, bruxa que sou.
E me transmuto.Oh cachorro, cadê tua alma? estou à beira de teu corpo? Eu estou a beira de meu corpo. E feneço lentamente.

Que estou eu a dizer? Estou dizendo amor. E à beira do amor estamos nós."(Clarice Lispector)

12 anos atrás..)

Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....