21.1.08

O Apanhador de Conchas

Pretendo encontrar muitas conchas, algumas respostas e talvez uns poucos versos...

Volto em breve, até....




"uma vez, na rua, cruzei-me com um apanhador de conchas. tinha os olhos feridos pelo sal, as mãos abertas pelo ácido das marés os lábios gretados por versos inacabados. recitou-me fórmulas do campo; anunciou-me a verdade de antigas profecias. olhei para cima: e o céu continuava azul, como se nada se passasse. mas ele abriu o cesto das conchas; e um movimento de caranguejos mostrou-me o fundo da existência. talvez eu estivesse a falar com um morto; ou as suas palavras me distraíssem do verdadeiro significado das coisas."para que serve a poesia, afinal"? e continuou o seu caminho, para que eu seguisse o meu, como se nunca nos tivéssemos encontrado."




Nuno Júdice, último livro "As coisas mais simples"
edições Dom Quixote




(fotografia de autor desconhecido)

20.1.08

Se eu fosse você...


O caminho que existia entre nós
era feito de atalhos
não compreendias a linguagem que eu falava
e nem eu a tua realidade silenciada
Um enganoso alguém
longe e fora das horas
nem alegre
nem triste
sem desejar mais palavras ou sonhos
sem mais nada
não te lamento
não quero ver tua sombra escondida
tão triste e perfeito
num movimento que murmura,
a eternidade feita de horas, perdura
Quero-te entre pernas
Sou teu outro
És meu eu
Somos fogo dentro do corpo
Em teu corpo navegar,
Perder-me para te encontrar
Para te descobrir é tarde
Para te perder é cedo...

Foto: Mariah
Ouvindo: Eu Vou Estar (Acustico)

Nós (Nossa exata dimensão)


Não tocar e sentir,
Um sentir tão próximo e tão feito de emoção.

Nunca ter visto com os olhos

E já enxergar a alma.


Um bem querer tão distante

Que se encontra perto,
pois é único e nunca ausente.

Falar sobre a vida, revelar o que se oculta, por isso se faz urgente.

É como olhar um jardim, vazio de flores e ainda assim,
Sentir o perfume que exalam.


Contemplar juntos o
movimento das palavras eternas,
Sentir igual e além.

Para quê explicar se nos basta saber e
num dizer resumir:
Eu te amo

Foto: Rumo ao horizonte - Carlito
Ouvindo:
Pontes Entre Nós

1.1.08

Um passo a mais...

Minha alma que andava sem alento,
Desorientada,
Perdida...

Não sabia o que havia feito de errado,
Não sabia os porquês de tanto ódio,
Sentia saudades,
Sentia afeto,
Sentia culpa por algumas mentiras...

Precisei me jogar a teus pés
Para entender o que estava errado.
Minha alma se despede de cara limpa
E meus versos de alma lavada.
Não sinto mais a boca seca,

A rima triste,
E nem sinto vazios...

Hoje eu me despeço de ti
E volto a estar inteira...

E vou por ai,
Feito uma saudade que não sangrará com a partida.
Diferente da canção,
Não espero pela tua volta
Porque fui eu que te mandei embora...

Ouvindo: O Vento
Tela: Jurgen Gorg

12 anos atrás..)

Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....