31.7.10

Restos

vácuo
mútuo
cuspo
amplo
duplo
fátuo
fulvo
níveo
árduo
circo
magno
antro
livro
hirto
pólo
ebúrneo
triplo
amuo

Silvo do Vento, Sibilo da Serpente

Erros fatais
Não, não são horas
Do adiantado das horas,
Tão pouco horas
De nos adiantarmos a elas.

Não são tempos de impunidade
Para quem anda à esmo,
Pisando sem cuidados.

Tocam as trombetas,
Ouço o silvo do vento
E o sibilo da serpente.

Preciso do sono sem sonhos.
Preciso de um apagão urgente.
Mergulhar no vazio onde tudo é silêncio
E a consciência anda muda,
Sem cismas ou em sentinela.,
Sem amuos ou cantilenas.

Depois desse voltar para dentro
Se ainda trouxer em mim
Pontas de amargura
Que não fui capaz de aparar
E o gosto triste do intimo profanado,
Peço que Deus me perdoe
Porque ninguem mais poderá fazê-lo.

Sem pudores,
Sem medos,
Sem vergonhas,
Sem limites,
Sem escrúpulos hipócritas
Eu vou para ser inteira.

Não me importam mais os estragos...

Coragem


CORAGEM É O QUE SOBRA EM MIM.

Poderia te dar estas palavras por palavras num tom tão suave quanto os lençóis que te cobrem o corpo e que sempre acabam aos pés da cama pela manhã.
Sentirias apenas a ternura do tom, sem nem mesmo tocar na alma que escapa destas idéias e de seus lugares. Não idéias, rascunhos vastos que nunca findam em arte final.

Não sei se estou ternura, ando instável e de humores delicados. Ando reticente de menos e calma demais. Mesmo que o sono não chegue, as idéias se tornam mais mansas e minha tranqüilidade para lhe adentrar serve como cantiga de ninar.
São tantas as que costumo murmurar, nem saberia qual escolher. Isso é sinal de perigo, eu sei.

Que assim seja.

Passando num passo não dado vou além dos sonhos, numa liberdade presa dentro de mim. E já não me importo que na realidade não sejas; e não és. Mas se os sonhos podem tirar meus pés do chão e me remeterem a vida, às vezes posso permitir que assim seja.

No fim não te sinto, e bem na beirada desse fim vejo meu egoísmo, quando a inspiração toma a mesma fonte, pareço igual e nada levo de ti.

" talvez comunal, mas na minha consciência inútil à estação - um espaço suficiente pra te atingir"

E quando nada levo, fora do acolhimento, comigo ficas pela metade porque não saberia o que fazer se fosses inteiro.
Olhando para minha colheita vejo tuas raízes já fundas e no vento, tuas palavras que ordenadas fazem da escrita a minha inspiração que muitas vezes desanda.

-Serão as minhas raízes que confundo?

E muda com a beleza dessa capacidade de se moldar e adapar, constato o que faz peso no peito quando falo, descubro que a voz é o parto das palavras desgastadas e acabo de fecundar um novo embrião, repetido ou adivinhado, mas sempre servido à gosto.

Enquanto desperto outros prazeres, sinto de leve, tão discreta, mas já dominante aquela sedução cheia da vaguidão do sono .

Vaga como estou agora, pois cheia das palavras preenchidas de ti me perdi quando vinha até o plano de escrever, já te trazia escorrendo pelos dedos . Sou tão preguiçosa e volúvel que logo me enfado, e tudo tem gosto de mormaço que nem mesmo uma "siesta" poria termo.

Quando mais mansa, a lentidão me expressa detalhes e sinto que a água que sobe da correnteza não me afogará se no fluxo de tal eu mergulhar.
Então estou à margem de mim mesma, colhendo a realidade que impulsiona a ternura do sono.

Mas não é esta a hora. O dia reserva outras profundezas e na espera estou muda, só murmurando palavras desconexas que em algum momento devem alcançar o entendimento.

Que loucura essa que faz com que os dedos corram alinhavando tudo que flui, ora mansamente, ora frenétcamente e não consigo um vislumbre de onde irei parar. E antes e sempre se o que vou despejando fará sentido, terá forma ou algum entendimento.

Fique tranqüilo, até quando, pouco a pouco a maré sobe, eu ainda murmuro a cantiga de ninar e jamais terás insegurança na vaguidão mansa do teu próprio lugar.
Com minha alma, meu sono e o meu velar nas palavras ocultas que se quer ousaram se mostrar, nós nos fizemos um pouco menos arredios naquela hora, ou naquele lá, para quando então foi e virá.

-Será?

Meus dedos já estão cansados, as dores desse parto já são passado de onde parto da parte de mim que entreguei a ti.

Que me venha esse sono tão desejado, o vazio já embaralha as letras que vão sendo apenas letras, despidas de palavras e despedidas de nós. Ao acordar voltarei a ser eu, assim seja porque quero e não porque devo.

Se mais lúcida eu reler este texto e conseguir entender o que me foi soprado aos ouvidos e chicoteados em meus dedos, sou capaz de deletar.

Vivas ao Crtl Z.

29.7.10

Casual

Fui intervalos
nas horas em que fui eu mesma

Fui tua alegria
Fui a chama que te aqueceu

Nada casual porque me dei inteira,
Fui plena,
Fui EU sem medos,
Sem mordaças.

Hora de sacudir o pijama
Que trás o teu cheiro,
Deixar você partir,
Seguir por onde não sei,
Mas seguir em frente
Sem desculpas que pesam
Para que possamos ser mais leves...

Ouvindo:

http://www.phoenix.voice.nom.br/phoenix/NCPG/MariaGadu/Due--Mais-que-a-mim.mid

Vãos Desbotados


Anotações rasgadas,
Fragmentos perdidos
Por estarem guardados
No lugar esquecido.

Eu sigo bem devagar
Alinhavando, sempre,
Vazios que não se esgotam,
Sentimentos que ruminam,
Espantos que não me alcançam
Silêncios estigmatizados,
Muitas cismas de tudo e de nada,
Sempre demais e nunca de menos.

Ando em meandros
Esquecida de mim,
Adejada de esperanças vãs
Que guardo nas dobras
Dos meus vãos desbotados.

28.7.10

Jura


Jura meu amor
Que não demora,
Vem me acontecer
Entrando em mim,
Invadindo,
Possuindo,
Devastando

Jura meu amor
Que não demora
Vem matar minha fome de você
Me virando do avesso
Penetrando,
Rasgando,
Saciando.

Jura meu amor,
Todas as juras,
Falsas ou não,
Não importa,
Mas não demora amor ...

Imaginação

Será a poesia o lençol
com que à noite
cubro o corpo desnudo?

Será o poema um amante secreto?
Sinto-me seca só de te imaginar verso!

Ainda hei de fazer poesia...

Guarda a tua Rosa


A beleza que o amor talhou em seus olhos
era o reflexo de uma rosa
desfolhada em tuas mãos,
com sabor de nada
em teus lábios sem sorrisos.

Era a dor da sede
em teu desejo contido não confessado,
o arrepio que lambia o corpo
de noites insones.

O suspiro arrancado
pelos sentimentos represados em abandono
por ausências não desejadas,
mas não impedidas.

A tua rosa tinha
espinhos demais,
perfume de menos,
Então guarda a tua rosa
entre um livro cansado
que se demora num canto de ti.

27.7.10

Manuel Bandeira


Se queres sentir a felicidade de amar,esquece a tua alma.

A alma é que estraga o amor.

Só em Deus ela pode encontrar satisfação.

Não noutra alma.Só em Deus

— ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.


Manuel Bandeira

Insanidade

Aqui desde as 3:30,
Madrugada fria,
Palavras aflitas,
Um banho pra tirar do corpo
o cheiro do suor frio
De um pesadelo maldito.

Sinto nos ossos a angustia
De não conseguir acordar
Antes de chegar ao fundo
Do poço sem fundo...
 
Olhei a cidade, silêncio.
 
Uma hora depois
Briga de casal
Em algum apartamento
Entre os edificios em volta.

Uma criança chora.
Os carros começam a rodar
numa avenida próxima.
 
Procurar o conforto imaginário em tuas mãos.
Preciso me acalmar.
Você já se sentiu assim?
Não responda, não quero invadir.
Você sabe, sente.
Não quero voltar aos abismos
Em que vivia,
Talvez eu volte...
 
Sinto medo,
Medo,
Medo...
 
Pensei em nós,
Escrevi um poema 
Beijos meus,
São 5:05 do meu dia
ainda sinto medo,
Medo,
Angustia,
Insanidade,
Loucura...

Preciso me controlar,
Preciso ter calma,
Eu sei...
 
Preciso voltar a dormir,
A cidade acorda,
Ouço o barulho do dia amanhecendo,
Sinto medo,
Medo,
Medo...

Gozo


Misturar figuras de linguagem,
Metáforas e pleonasmos
Usar de uma verborrágica
Conversa sacana
delírios guturais,
gozando afônicos
e depois descansar nos lençóis matinais

Foto: Vanessa FotoSensivel

Música: A Luz Que Acende o Olhar

Um brinde ao último dia na terra.


Um brinde ao último dia na terra,
dos que pressentem as fronteiras do fim
em cada erro do passado,
em cada equívoco cultivado no presente,
em cada golpe sem premeditação.

Não faz sentido se não estás,
Nada explica esse ceifar sem justa causa,
A nós basta-nos a vida, não é?

25.7.10

Diga amor o que vou fazer



Diga amor o que vou fazer
Se não consigo te esquecer...

Diga amor o que vou fazer
Se não vivo sem você...

Algo me diz que um dia
Vou te (re) encontrar
E voltar a ser feliz...

24.7.10

Essas Meninas



Era uma vez duas meninas, uma de 6 e outra de 5 e meio. Duas fofas. Bem, a de 5 e meio era uma chata co caréus, uma tirana. Tudo que a de 6 tinha., ela queria!
Um dia brigaram feio porque a “pentelha” cismou que queria a xícara da outra, (as xícaras eram todas iguais), mas queria porque queria, assim usou e abusou dos recursos de sempre: choro aos berros e descabelados.
A mãe da invocada e a invocada de 6 travam o seguinte diálogo:

- Dá essa xícara pra ela.
- Mas mãe, é igual...
- Dá já!

A mãe nessa altura já abusando da autoridade porque ninguém aguenta criança pentelha aos choros, berros e descabelos:

- Tou mandando, ela é criança.

A invocada, o adjetivo já diz tudo, teimou e retrucou. Ameaçou birra, e lascou:

- Mas mãe, eu também sou criança. Ela num usa fralda e nem toma mamadeira.

A mãe, louca com aquele inferno põe um ponto final na história, isto é, tenta:
- Mas ela não vai na escola!

A outra responde (melhor era ficar quieta, mas não aprendeu a lição até hoje):

- Tá bom! Eu também num vou pra escola, detesto escola.

Resumo, teve de dar a xícara para que a outra ficasse quieta e ainda ficou de castigo por colocar a mãe louca (palavras da mãe).

(Quem deixou ela doida foi a outra com choros, berros e descabelos.)


Essas duas quando ficavam de mal, viravam a cara e fechavam os olhos uma pra outra porque não queriam mais “olhar na cara uma da outra”.

22.7.10

Gosto de Você


Gosto de você assim
do meu jeito,
Sei que não é o jeito
Que você se quer gostado,
Sei que sou torta,
Impulsiva,
Que faço bobagens
Dessas de estragar tudo
Até que tudo se estrague,
Mas não é por não gostar,
Porque eu gosto de você,
Assim de montão
Do meu jeito de gostar,
Gosto de você quando amanheço,
Sonho com o primeiro beijo do dia
Até os beijos ao anoitecer,
Gosto gostar de você
De um jeito simples,
Sem complicações...

Ouvindo: Menina estás à janela

Jardim



Vou plantar um jardim
Na minha alma
E fazer meu corpo florecer.

Jardins precisam de terra,
Sementes e boa mão para existir,
A terra para o jardim da alma
Chama-se sonho,
A semente do corpo é o desejo.

A alma nua se oferece
Ao deleite desse sonho
Sem vergonha alguma.
O corpo se entrega
Em tuas mãos de jardineiro
Cheia de querer...

O sonho, Sozinho,
É pássaro sem asas,
É letra da canção a espera de melodia,
É meu corpo querendo você...


Tela: Jardim florido, Van Gogh

Ouvindo: Jeito de mato


21.7.10

Borboletas Na Barriga




Injúria no coração?
Quem tem borboletas na barriga
Chora quando está triste,
Não ri à toa.
Traz o riso largo das manhãs,
Todos os poentes no olhar,
Noites de Lua e Estrelas no coração.
Borboleta voa,
Encanta a menina que está à janela
Esperando seu bem chegar...


Exilo


No espaço entre duas pessoas
Que cultivam dissabores mútuos
Existe a história de como era o antes.

Existe o nó na garganta,
A lembrança que mareja,
A saudade que sufoca,
O coração sem alento...

Existe a nudez do esquecimento,
Aspereza,
Solidão,
O desespero na tempestade,
Sem faróis a nos guiar...

Existem pequenos atalhos
Para que um se perca
E o outro nunca mais se encontre...

Claustro de exilo que tecemos,
Nas horas em que não ousamos.
Recantos de silêncios
Erguidos na própria alma,
Em abandono no esquecimento...

Foto: Paulo Medeiros

20.7.10

Momentos de Ir

Desculpe-me se trago a alma sem alento,
Se tenho cansaços,
Se me tornei escrava desse sentimento vazio,
Se meu vôo é de asas partidas,
Se meu coração sangra,
Se não sei o caminho,
Se um segundo é muito tempo,
Se as horas me sufocam,
Se o não saber me conforta,
Se tudo em mim é indivisível,
Se não posso ser as mãos que consolam,
Se ninguém, nem eu mesma,
Entendo o que sustenta esse vicio de ti,
Porque vou embora
Quando são momentos de chegadas
E se quero sempre ficar
Quando o momento é de despedida...

Palavras Desacertadas



Nunca disse que era fácil,
Não facilitei o todo
Ou em partes
Estou cansada dos dias cinzentos
Que escondem o sol
De sorrisos forçados
A custa de mentiras.

Ele procurava e não via,
Ela não via que ele não vira,
Executaram assim

O cerimonial das palavras desacertadas.

17.7.10

Deixa eu entrar?




Pode mandar embora,
Não vou,
Fico do lado de fora
Na frente da porta,
Feito bicho acuado
Mas não vou...

Faz frio aqui fora,
deixa eu entrar?
às 00:34
Ouvindo



Sutilmente
Skank
Composição: Samuel Rosa / Nando Reis
E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti

Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti

Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti.

16.7.10

Breve caminhar ao sol

Amor,
essas coisas de andar na rua
com o sol lambendo o corpo,
o vento se enroscando nos cabelos,
as pernas se acariciando quando se tocam,
são metáforas de orgasmo desejado
me fazendo implodir de paixão por ti.

15.7.10

Definição e Contexto


Infinitivo:
Encaixar

Gerúndio:
Encaixando

Particípio:
Encaixado

Indicativo:
Encaixas

Futuro:
Encaixaremos

Imperativo:
Encaixe


ENCAIXAR: verbo transitivo; colocar em encaixe, embutir.

(transitivo quando ação precisa de complemento)

Calor




Tua língua é lua cheia
Luziluzindo no céu da minha boca,


Tuas mãos são naus
Na minha pele oceano,


Teu sexo o sol
Iluminando os segredos
das minhas grutas
Sem fronteiras...

Foto: Web
Ouvindo: Amor Perfeito



Desata-me



Desata-me,
Pousa,
Deixa tua marca,
Teus vestígios
Depois ata-me

E depois?
O que importa...

Foto: José Machado

Ato



O sexo entre as pernas
O amor no coração,
Olhos fechados para não ver
Pernas abertas para sentir,
Arroz no prato
Boca aberta para comer,
30 vezes mastigando
Com a boca fechada,

É feio comer de boca aberta
É lindo abrir as pernas para você


Ouvindo:Esse Cara

Foto: Aether Photography

Música: Esse cara - Cazuza

Arte Final





Porque no beijo
Não cabe o desejo

O beijo é rascunho
O desejo,
Arte Final

12.7.10

Nau Sem Leme



Uma mulher não pode ser,
estar,
viver,
como uma nau sem leme.

Uma mulher pode ser adjetivo,
quando lhe chamam nomes
predicados ou desqualificados,
profundos ou vazios.

Uma mulher pode ser substantivo,
quando sem sentido,
por estar sentida
em suas dores abstratas.

Uma mulher pode ser verbo transitivo,
entre o desejo e o medo
de se entregar.

Uma mulher não pode,
nunca, ser uma nau sem leme,
à deriva,
sem direção,
parando em todos os portos,
transformada em restos de ressaca
ao sabor das correntes
apodrecendo nas águas frias.

Amado,
assuma o comando desse leme,
me leve para perto de ti,
pois eu, mulher,
sou apaixonadamente tua...

360 Graus de Separação



Fundo,
Penetrante,
Intenso,
Cavado,
Que vem do íntimo, entranhado.
Que profunda, devastando,
Que sabe muito,
Excessivo,
Difícil de compreender,
De expor,
Insondável,
Profundo,
O Inferno,
O mar,
360 graus de separação

12 anos atrás..)

Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....