31.12.08

Leva-me contigo


Tu levas meu coração
No teu

Eu trago teu coração
No meu

Eu fico com o teu pensamento
Tu levas os meus

Um abraço do tamanho do mundo
Para o outro lado do mundo.

Leva-me contigo,
pois já estás sempre comigo.

30.12.08

Como Nunca



Beto Guedes
Composição: Luiz Guedes / Thomaz Roth / Murilo Antunes

Olha
Quanta estrela
No céu dos olhos dessa moça
Tanto brilho
Quanto fogo

Olha
É como o vento
Varando o céu é como nunca
Como nuvem
Como chuva

Olha
Quanta estrela
No céu dos olhos dessa moça
Tanto brilho
Quanto fogo

Olha é como o vento
O amor que fica é como nunca
Como nuvem
Como os olhos

Ouvindo: http://www.muleke-malukinho.net/nacionais/nac_b/Beto_Guedes_E_Luiz_Guedes_-_Como_Nunca_(mm).mid

26.12.08

Cnsumado





Abre as asas
sobre mim,
me receba
sob ti...

Sumo


Nas tuas horas
sorvi da vida
e dos sonhos,
impossibilidades
atemporais

No fuso das minhas,
sorvi desejos
e o sumo que circula
em possibilidades
temporais

Eu
te servi,
Tu
me tomaste
na dança das horas...

Música



Na tua boca
Brilha a lua,

Ouço jazz...

O teu abraço é ninho
Onde quero me embalar

Em blues...


Em tuas pernas

Seguir teus contornos

Sendo samba...


O verde vai virar azul

Irei do norte para o sul,

Leste,

Oeste,

Me arremeta

Sem peso,

Sem medida

Num arrastão de MPB...


Do teu corpo

Quero um tango,

Da tua alma
Serei cantiga...

Foto:
Photoballet

23.12.08

Indexar




A vida é um traço
Que teço nas teias dos dias
A vida é o que eu rabisco no compasso
Dos sonhos no laço-abraço da noite
E quando acontecem melancolias
Sem nexo,
Reflexo,
Anexos,

Eu te indexo!

Ouvindo: quiero perderme en tu cuerpo

Palavras Forjadas

Amanheci perdida das minhas palavras e apesar de me sentir saudosa delas, a sensação era a de que elas nunca me pertenceram, não foram minhas.Queria uma palavra que não alcanço. A palavra que apaziguaria tão bem as palavras que não chegam e cuidara tanto para que estas não explodissem.

Manteria tudo em serena compreensão, ou arroubos desatinados de palavras paixão, separando cada palavra das outras para serem usadas, delicadamente.
Tudo feito em efeito e de modo que uma seguisse a outra e formassem algo que pudesse ter sentido, chegar a algum lugar, tocar alguém...

No entanto, apenas só uma náusea doce na boca e os dedos escorregando a esmo porque sentem falta do papel e da tinta para se sentirem palavras vivas, voando nos ventos, eólicas...

Como se assim pudessem chegar ao lugar onde nunca foram, porque nunca serão palavras de estragos, temporais ou brisas. Nada que as façam forjadas na pele, alma.Nem mesmo as deixam sorver palavras que não são suas e mesmo tão próximas, sejam lançadas onde elas não podem ser alcançadas.

22.12.08

Lua adversa













Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

(Cecilia Meireles)

21.12.08

Côncavo e Recôncavo



Teu ser secreto

No Meu espaço côncavo

Que contêm tua seiva.


Teu espaço permanece

No recôncavo

Das minhas cores

Onde misturas

Entregas acalentadas.


Deixa tudo ser

Que tudo será

Deixa

Deixa

Deixa...

Adormecer


Então me dá um beijo,
Um sorriso sem jeito,
Afaga minhas costas
E me faz adormercer.

No vão do nosso pensamento,
No sorriso farto,
Em ti já estou imersa,

Descansar
No teu doce abrigo...

Intenso


Afastas meus cabelos,
Fecho os olhos
Enquanto me falas
Ao ouvido.

Não ouço
Porque sinto,
Rio porque adivinho...

Ao longe
E tão perto
Volto logo
Fico (as)sim
Beijo
Beijo
Bejo

De Profundis



"Uma sombra preenche,
pra saudade se formar;
mas não é nunca a solidão,
existe uma luz a transformar;
Essa parte imune, na transmutação de nunca mudar (mesmo que mude)
é prever o cálido na estação muda
O calor que vibra o escuro,
inflama a dor de viver por verdade."

De Profundis.

18.12.08

Festa




Se não podes
Me deter:

Prende-me
Firme,
Forte,
Fundo,
Fértil,
Entre tuas pernas
E
faz a Festa!

Sendo


Só para ler nos escombros
Os vestígios de quem foi sem ter sido,
Colher das tempestades
E deixar o medo sombrear o gesto,
Os erros.

Um abraço que ser quer ávido
Na linha abaixo do peito
Nunca se dispersar,
Despistar talvez...

E do que o tempo
Já não cuida quando me calcula,
No teu compasso,
Saciar a sede
Andar por andar.

Sem pensar,
Sem teorizar,
Sem dogmatizar,
Sem deteriorar.
Não tens relógio,
Nem eu bússola.

Não queremos orientação.

16.12.08

Afinal, o que é o tempo?


Uma fração de segundo
Contêm o presente que já foi futuro
E Será passado.
Meu tempo é todo tempo do mundo.

Tateio.

E a um só tempo vivo,
Bebo da fonte prodigiosa
Diversa da tua, tão descuidada.

Passeia sobre mim,
Deixa o tempo lá fora,
Ou me deixa no tempo de ir...

Debulhar a Vida





Ao nascer
Perdi o aconchego do útero,
A proteção,
A segurança.

Fiquei por minha conta.

Paradoxalmente,
Ganhei os braços do mundo
Que me encantou,
Assustou,
Por vezes me elevou ou destruiu.

Continuei nessa gangorra de perdas e ganhos,
Perdi a confiança absoluta na inocência da infância,
Da mão forte que amparava e me segurava,
Que me ensinou a andar de bicicleta
Sem rodinhas,
Subir em árvore,
Roubar frutas
No quintal do vizinho.

Perdi a capacidade de
Ousar,
Ser atrevida,
Bater nos meninos
Que ameaçam meu irmão,
De quem sentia uns ciúmes de morte
Porque no meu entender, ele era o alvo de todos os mimos que seriam meus.

Mas eu estava lá pra defendê-lo dos outros
Porque ele era frágil, pequeno...

Adquiri o hábito de criticar o mundo,
De questionar o porquê do que não fazia sentido,
Ganhei uma enorme sensação de inutilidade, de vazio...

Abri portas,
Fechei janelas,
Irremediavelmente deixadas para trás...

Perdi alguns direitos,
Como chorar bem alto, aos gritos mesmo,
Quando algo me era tomado contra a vontade.

Perdi o direito de dizer
Absolutamente tudo que me passava pela cabeça
Sem medo de causar melindres.
Contive o direito de dar risadas escandalosas
Cheguei à fase em que me ensinaram
Que não devemos ser tão sinceros.

E aprendi,
Adolesci,
Ganhei peso e altura,
Seios, pelos e bunda.
Ganhei muitos sonhos.
Sonhei dormindo,
Acordada,
Sonhava o tempo todo.

Ganhei o mundo.
E ele me pareceu inadequado aos sonhos
Que aprendi a sonhar.

De repente
Fruta madura tentei
Tornar-me equilibrada,
Contida e ponderada.

Perdi a espontaneidade.
Passei a utilizar o raciocínio,
A razão acima de tudo.

E desgraçadamente perdi o direito de gargalhar,
De andar descalça,
Tomar banho de chuva,
Lamber os dedos e soltar pum sem querer...

Perdi leveza!

Já não pulava mais no pescoço
De quem amava e tascava-lhe aquele beijo enlouquecido
Onde bem desse na veneta.

Mas apertei as mãos de todos,
Ganhei novos amigos,
Um diploma,
Bom salário,
Reconhecimento,
A chave de casa,
Passagem para o mundo.

Algumas rugas, algumas dores nas costas,
Celulite, estrias,
Ganhei mais peso.
Fiz das rugas as boas lembranças...

Ganhei (pari) filhos,
Ah, filhos...

Regatei a inocência
Ensinei que nada precisava ser perdido
Não me entreguei a todos os danos
Acolhi meus desatinos
Voltei a sonhar,
Por eles e com eles.

O brilho no olhar voltou
O sorriso virou gargalhada
Os ruídos voltaram para abafar meus silêncios.

O sol brilha em alguns dias
Felizmente chove de vez em quando,
A primavera sempre chega após o inverno,
Que necessita do outono que o antecede...

Resgatei meu crescer
Ao invés de envelhecer simplesmente...

Criei algum juízo,
Mantive meu bom humor e um pouco de ousadia,
Fiquei um pouco doidinha,
Às vezes leve,
Outras tempestade...

Racional sim,
Lutando pelos meus sonhos.
Tento dizer eu te amo,
De forma que aqueles a quem amo, sintam-se amados
Mais do que saibam-se amados.

Eu voltei a voar,
A ir com o vento
Dei asas aos meus sonhos
Pois esses são meus
E ninguém pode me tirá-los

15.12.08

Palavras que se perdem



Preciso da parte de mim
Que não está em mim,
Está além
De onde quero estar...

Um livro esquecido
Mais uma rosa tardia...

13.12.08

Adjetivo Intimo


As palavras perfumadas,

Fecham-se em trevas

E silêncios substânciais.


Tempo absurdo!


(as)sombrada em sombras sustadas,

(as)sonada,

(es)fomeada,

Sobre os parênteses

Expressam o abraço

Que às palavras símbolos

Competam o que

Olhos e sentidos não alcançam.


Segredo do tão intimo!


Sob a luz bruxelante de uma vela,

Tentando resgatar

Da perplexidade em que átomos,

Partículas,

Ficaram suspensos

Com fome de devorar

As palavras que não eram minhas

Mas me despiam

À cada letra entrelaçada

Remetiam-me a mim do meu EU,

Entregues por um adjetivo

Que violava sentidos

Com fome,

Cheio de ânsias,

Mas numa cadência

De amante experiente

Que me esvaziava e abundava

E antes do ápice

Voltava ao começo,

Aquietando pacientemente

Como amante

O adjetivo intimo que mantenho em segredo

E transformava as palavras orgasmo

Em sêmen escorrendo pelas minhas coxas.


Obs.: foram escritas me uma folha de papel

Sob a luz de velas

12.12.08

Razão

Colo nu,
Corpo descoberto,
Eu desnudo
Tudo fitado,
Emergência,
Subterrâneos,
Descobrir(-se).

Pele,
Fértil,
Sentidos
Sufixo do sensível.

Couro, pele e imaginação,
Desejo.

Lábios,
Labi(ais),
Projetam ao fundo
E o (im) penetrável
À outras peles
Na mesma partícula.

Palavra,
Sorriso,
Silêncio,
Além do espaço existencial.

As mãos, pés, espaço e vácuo
Ficam mágicas as linhas espelhadas no branco labirinto,
na tinta inalável de toda circunstância
impiedosa de tornar as mesmas,
consumir à tantas,...
O que frágil acalenta e percebe, diz e lacrimeja,
o corpo disforme não resolve
e penetra,
o submergir de toda espécie.

Por chuva calcificada nos ossos de tuas estrelas,
olhos baixos, caixa forte colossal;
céu fundido em corpo, latente permanência.

11.12.08

Se (se se se )



Se, se, se
É muita distância,
Primeiro vem...

Eu vou,
E tu vens
Quando eu for...

Muda,
Calada,
E depois?

Depois é depois:
Longitude:W 8º
Latitude:-23°

Tela: Rodrigo Matos Silva - Percursos

Previsão Metereológica

O tempo lá fora,
quente.

Aqui dentro,
arde.


Possibilidade de chuva
10°C | 7°C


24°C | 18°C

Azul




Sem mais, nem menos.
Os barcos insistentes navegam,
E por algum motivo, sabe-se que naquele azul,
Existe um tom a mais.

Azul de Blues
Nos mares onde mergulhei,
Pelos mares que navegaste.

Um tom azul da Prússia,
Um azul de céu
No céu da tua boca
Onde vou beber da tua língua
Um tom a mais...

Sem Saber Se o Querer era Querer


No dia seguinte a despedida,
Ficou um gosto de querência
Um vazio estático
Paralisado,
imóvel,
firme,
em repouso.

Nem mais um dia,
Talvez meio dia
E já tinha passado
Decorrido,
Findo;

Hoje me vieste por acaso,
Sem saber se o querer
Era um querer
Ou quase querer
E eu percebi
O quanto andava saudosa
Sem saber a saudade
Da sensação de índole pacífica,
Serena e mansa
Que as tuas palavras me trazem
Sempre que as recebo,
Sem saber se as quero.

Palavras cultivadas
Nem sempre em solo fértil,
De poda fácil,
Abrigadas das intempéries
Mas sempre tão bem vindas
Em sobra do som
Da existência insistente,
No desejo da vida
num sopro leve da calmaria
De sentir a palavra branda,
e reconhecer,
Sem dilacerar os sentidos,
E sorvi em goles pequenos
Apenas para matar a sede
Não a perene,
Antes a que não se sabe sede

6.12.08

Amor de Poucas Bandeiras


Não quero o amor

Que não ouse falar o nome,

Nem o amor que precise bradar

O nome em passeatas

Não acorde a Eumenide que habita em mim,

Para não abalar os homens de pouca coragem

A inércia da inteligência,

Que vagueia no indefinido

Sem o norte da realidade,

Não é porque sonho

Tento saltar o grande hiato

Em minha mente.


Ouvindo: Segredos

5.12.08

Velas, Vinho e Sentir




Morpheu não tem me acariciado em seus braços
Como eu gostaria e deveria
Não tenho dormido esses dias

Não importa,
Eu sempre estarei aqui.

Em tempo de guerras,
Assinaremos acordos de paz
Que podem durar um dia,
Uma hora,
Nem um minuto.
Sempre teremos o amanhã...

Não importa,
Eu sempre estarei aqui.

Não precisas dizer o que eu já sei,
Guardo comigo.
Faço de conta que estava distraída
Não é nada que você esteja fazendo de errado
Sou eu tornando mais leve
As palavras que não nos bastam.

Vamos apenas voar
No balanço das que podemos ter
E se acontecer de ficarmos parados
Olhando um para o outro
Com cara de bobo,
Teremos o sorriso gostoso
Para seguir com gente

Você não está sozinho,
Estou perto
Apenas finjo que não
E quando só restarem
Trinta e poucos
Teremos um tempo só nosso,
Um dia,
Uma hora?

Não importa
Porque nesse tempo
Nós estaremos no nosso aqui
De velas, vinho e sentir.
Porque é verdade,
Não há nada igual ao você e eu.

Ouvindo: Runaway

2.12.08

Resumir-se



Quanto mais esconde,
Mais revela.

Quanto mais afastado,
Mais próximo.

Quanto mais negado.
Mais desejado.

Quanto mais silenciado,
Mais consentido.

5 a 20 Segundos

Quero ter você por um instante
Em teu colo deslizar na direção do teu púlpito
Entreabrir coxas para que sacies tua sede
E bebas meu prazer constante
Transgredir teus cansaços
E num flash instantâneo
Levar-te do prazer ao orgasmo final

Observação: O orgasmo tem duração de cerca de 2 a 10 segundos no homem, na mulher a duração do orgasmo é de cinco a dez segundos a mais que o masculino. Em algumas mulheres, já foram medidos orgasmos de até um minuto.

Um pedido de desculpas

Não sou pessoa dada a aproximações pois as partidas sempre são doloridas. E elas sempre acontecem,.

Eu me acumulo delas e aprendi a viver com elas. Não sem algumas revoltas, mágoas ou saudades. Vivo de esboços não acabados e vacilantes e o único equilibrio que me é possivel é estar dentro de mim mesma.


Não são angústias ou dependências.


Queria muito depender, deixar de ser uma pessoa dando murro em ponta de faca, cheia de guerras contra moinhos de ventos, sempre faltando um pedaço mesmo quando inteira. Alguém que eu soubesse acolher sem pedras nas mãos. Mas não sei ser assim, não fui talhada para isso. Sou uma teimosa desde o ventre materno. Lutei para sobreviver.


Às vezes sinto que sou uma barreira no meu próprio caminho e quando alguma palavra dita ou lida tudo esclarece, me sinto impotente e sem direção. Perco o meu lugar.


Meu conforto é estar refugiada em mim. Não sei dizer quem sou nem a mim mesma e quando tento me faltam palavras mas me sobram sangue nas mãos.


Eu sinto a necessidade de partir antes mesmo de chegar. Mas levo sempre algumas recordações, e as melhores pois as outras deixo pelo caminho.


Meu coração sempre se inquieta e muitas vezes dramatiza mais que o necessário e a minha razão é exageradamente confusa.


Deixo aqui algo de uma autora que que gosto muito, talvez porque nas palavras dela sempre me encontro e encontro também algum entendimento:


" O que eu sinto eu não ajo.
O que ajo não penso.
O que penso não sinto.
Do que sei sou ignorante.
Do que sinto não ignoro.
Não me entendo e ajo como se entendesse."


Clarice Lispector.


Boa sorte, saúde e muito amor no coração.

12 anos atrás..)

Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....