27.9.09

Dores de Amor e Um Coração Partido

- Como está o céu lá fora?

- Como estás?

- Ainda te lembras?

- Adivinhas-me?

- Ainda sabes como me abraçar?

O tempo vai passar as dores à limpo silenciadas pelos relógios que anunciam distâncias e memórias difíceis de esquecer.

26.9.09

Habitar

Meu homem
trás no peito desejos
e a boca cheia de beijos.

Arde como fogo,
trás na bagagem
o aprendizado
dos tempos de revés.

Em desvelo,
cuida dos sonhos
como quem guarda um segredo.

Esse homem que chamo de meu,
é o único que me adivinha
e me habita inteira.

http://www.lobosolitariomidis.net/latinas/miguel-bose-e-shakira-ls-si-tu-no-vuelves.mid

Memória Amorosa

Quem mergulhou
Numa loucura de amor
Perdendo as rédeas
Em total abandono de querências,
Não se habitua a banalidade.

Quando um amor assim
Chega ao fim das suas possibilidades,
Ficam como herança
As mágoas que antecederam ao fim,
As saudades sem culpas e desculpas,
A memória amorosa
Estampada no corpo e na alma.

Quando um amor assim acaba,
Fica o perfume do sonho.

Seguimos em paz, ou não.
E ponto.

http://www.boxmusic.mus.br/vivo/Bon_Jovi_Bed_of_roses.mid

17.9.09

Do que não sei


Olhar que não desnuda,
alma e corpo pulsam.

Boca que não consone,
alma e corpo ardem

Voz que não acalma,
alma e corpo esperam.

Meu amor faz a hora acontecer,
porque do que não sei
quero padecer feliz e em paz.

16.9.09

Qual é mesmo a palavra?



No momento não me ocorre
a palavra adequada
que resuma o momento intimista.

O que quero dizer (escrever),
sem rodeios,
(hábito cultivado e conhecido)
abrindo mão de explicações
cientificamente elucidatórias
é que sou essencialmente
ser de gestos furtivos
com idéias sobre o infinito
que na maioria das vezes
cabem num punhado de palavras.

Idéias que se resumem
num punhado de dias
a serem lembrados
ou completamente esquecidos.

Fulgas?

Não..

Instinto de sobrevivência
acima de tudo e apesar
do mesmo tudo que pode
ser um nada.

Isso me alivia, e muito,
pois a idéia de infinito
é com freqüência associada
ao sentido de eternidade.

A idéia do eterno me cansa,
e muito!

13.9.09

Desestruturado

Prostrada
coração pesado
dois passos do fim
despida de afetos

É assim que me sentia
quando te deixava
e de tantas vezes
te deixar
tive medo
que um dia
ao regressar
eu não te encontrasse

Esse dia chegou
as pessoas mudam
de pessoas
tu te mudaste
de mim

Não sei

Gostaria de não ter
de te deixar
tantas vezes

Por que vivemos?





Por que morremos ?
Por que o onde é um lugar
que não existe?

Por que sem você
meu mundo fica tão triste?

Onde te encontrar?

No quarto
que não partilhamos,
nas roupas
que não compramos juntos,
na comida
que não nos alimentou,
nas paredes da casa
que não te acolheu,
nas águas
que não voltaram nem pararam,
no sal das lágrimas
que agora derramo,
nas músicas
que não ouvimos,
nas conchas
que não apanhamos,
nas flores
que não colhemos,
nos filhos
que não tivemos.

Estás no coração
que bate dentro do peito,
descontrolado,
desfeito,
tresloucado por tanto te amar
e não te tocar.

Estás em tudo o que preciso,
em tudo o que me mantém viva,
no chão que pisamos
enquanto caminhamos
rumo a esse futuro tão incerto.

Estás em todos os passos,
nos longínquos cansaços,
nos risos prematuros,
nos carinhos que vou te dar.

Por que morri
se ainda vives
dentro e fora de mim?

Queria poder partir
com um sorriso no rosto,
mas deixei contigo
toda a minha alegria.

Queria vencer a tua partida
sem lágrimas de fel,
mas rasgo a raiva,
verto o sangue,
parto o coração de ódio,
permaneço atada à dor.

Por que vivemos?

A despedida da tristeza

Despedidas são assim,
Como garoa fina
Que não é de mais
Nem de menos,
Mas encharca a roupa,
Penetra na pele,
Gela os ossos.


Seja lá que despedida for,
Só conheço uma boa:

- a despedida da tristeza..

10.9.09

Homem Só


Matéria bruta primitiva,
irremediavelmente preso à carne,
ao medo,
aos vínculos,
às convicções inabaláveis.

Estranhamente cego
às suas misérias de solidão.
Confortavelmente justificado
no comodo duvidar
de que tudo é engano.

É a mentira cotidiana
do seu mundo particular,
onde vive cheio de enganos,
que o alimenta mas não sacia,
para morrer consciente
um pouco a cada dia,
sem perder seu auto-controle banalizado.

Um homem só,
cheio de histórias para contar,
pleno de mágoas não cicatrizadas.
Não ousa se arriscar,
segue seus dias,
segue em paz...

9.9.09

Se teus olhos encontrassem os meus



Esse olhar de você
Que nem sei como olha
Se é olhar morno em mansidão
Ou olhar vasto de devassidão.

Por que um olhar tão longe de mim?

Quero sentir teu olhar
Sustentando os meus
De dar frio na espinha,
Nó na garganta
E depois calor.

Depois seriamos
O que não tem mais jeito,
Um do outro e o outro do um,
De um modo total,
Emaranhados de corpos
Fazendo juras,
Perdidos em beijos
Falando e fazendo bobagem,
Sem freios,
Na mesma cadência...

Ah! Se teus olhos encontrassem os meus...

Foto: Marques Tavares Carlos

Ouvindo: Cantada ( Depois De Ter Você)

7.9.09

Asas


Deus deu asas aos anjos
E as deu também aos que amam
Nossas asas estão sendo tecidas
Aos poucos, com fios de ternura.
Através das palavras em que nos entregamos,
E mesmo as palavras mais duras
Também vêm carregadas de emoção
Para que nossos alicerces sejam fortalecidos
Nossas asas estão repletas de amor
E quando o momento chegar
Elas estarão prontas para alçarmos
Nosso vôo rumo ao infinito

E Depois?


Vagalumes que surgem
para iluminar meus umbrais

Ando assim, assim..

Ando nada!

Ando mesmo muito,
Desse andar que também
Conjugamos como caminhar
E a cabeça anda é oca de pensamentos.

Coisa estranha,
E diante de tanta vida

Como uma pétala que solta,
voa livre sem destino
por trilhas e caminhos
criando e recriando,
ululante sem principio nem fim...

Porque trago na alma
o sorriso vadio da esperança,
o olhar que alcança,
o desejo que se realiza...

Não olhe pra mim,
eu posso me apaixonar.
Não sorria pra mim,
eu posso querer ficar.
Não diga “eu te amo”,
eu posso retribuir.

E depois?

Dor da Carne


Dor que arrebata a alma,
Traz à tona tristezas,
Lagrimas que bailam no rosto
Sem pedir licença.

O peito estoura,
Parece que vamos morrer
Num combinar fúnebre
De um mal que não tem nome
Expresso na carne em ferida.

Dor do algo de alguém
Que nos é tirado à revelia,
Mas que sempre soubemos
Que assim seria.

No véu do não mais olhar,
Nas ecos do não mais ouvir
Nas brumas d o não mais sentir...

Desabafo

Não sofro por acreditar no que ouço ou leio. Eu não acredito, simples assim. Nem no todo ou em partes.

Criei vícios, cismas e desconfianças demais, estou sempre à espreita, analisando e esmiuçando todas as palavras: as que me doam, as que provoco, as que me provocam e as que colho.


Esse estar sempre sorrateiro e sitiado de armas a postos e garras de fora é que me consomem. Perdi capacidades como a de me espantar, ficar perplexa, indignada ou desencantada diante das mentiras ou teatros de quinta.


Queria muito resgatar o olhar distraído e o pensamento leve, não ser juíza e nem zeladora, deixar o que não me completa ou me trás algo de bom, passem despercebidos.


Ardo por me encantar sem pensar e medir conseqüências. Queria voltar a estar ao lado contemplando, fluindo e absorvendo apenas o que me dá prazer e desperta emoções que me tornam suave. Ficar alheia a todo o resto que fuja disso e nem por uma ou meia fração de segundo chame a atenção ou inquiete meu espírito.


É esse ser serenizado sem necessidade de ajustes de contas ou o cuidar do que está fora que pede para me tocar. Erro tantas vezes a esmo nesse meu buscar, mas sempre volto ao ponto anterior de meus desvios e sigo tentando me tornar mais forte.


Talvez por isso muitas vezes eu esteja tão cansada, mas mesmo desses cansaços tiro meu aprendizado.


O meu pequeno segredo é que, apesar do ser sorrateiro ainda me assombrar e verter pelos meus poros seus limos de maldade vou encontrando pessoas à parte, que têm o dom de me encantar e resgatar a doçura que trago intacta.


Pessoas para quem eu digo: EU TE AMO, um dizer sentido e acariciado que vai sendo semeado com o tempo, sem restrições, distâncias ou limites. Um sentimento alheio aos meus desencantos, que me acolhem seja eu tempestades, desatinos ou insanidades.


No meu melhor ou pior, pessoas que me abraçam e me dão sentido quando me perco, pessoas que são maiores do que a gente miúda que abunda em quantidade, mas nunca me alcançam.

Não Sei...


Dei um tempo à razão e a emoção
para que ambas caminhassem
de mãos dadas
e juntas pudessem resolver
minhas pendências.
Me abstraí de dores absolutas
e perguntei qual delas prevaleceria.
Não obtive resposta.

Tornaram-se tão amigas
que não conseguem decidir
qual das duas levará
o maior quinhão do meu eu abstrato.

Não tenho pressa,
ainda não sou a tempestade anunciada,
tão pouco a brisa prometida.

Sou, e sempre serei,
a dona do meu castelo.

Prisioneira de mim mesma,
caça e caçadora,
sentença e execução.

Nunca adivinhada
no teu coração,
Sempre refletida
no baço espelho
dos teus olhos...

Adeus

Adeus,
aos que vão
pela ordem natural da vida.

Adeus,
aos que vão por opção.

Adeus,
aos que têm de ir.

Adeus,
aos que a vida distancia.

Adeus,
aos que já eram partida
antes da despedida...

Adeus amor,
amor,
adeus...

6.9.09

Velas

A certeza que pode ser a única,
é de que ninguém acalma
a tua ira contida,
a fúria que se esparrama
como suor de um dia quente
pelo teu corpo de mar.

Mar revolto que anseia
de tempos em tempos,
por alguma distração.

No tão pouco de nada,
uma verdade simplista
que não se rege
por questionamentos.

Onde não cabem complicações
e apesar ou por tudo já dito,
escrito,
lido e relido,
profanado ou calado,
Tu melhor que nínguem,
sabes que não pode ser negada.

Porque Eu sou a única
que podes abandonar,
a única para quem podes voltar
sempre que as outras te esgotarem.

E sempre voltas...

Não se pode evitar
porque é vontade expressa,
ainda que de tempos em tempos...

Velas e amarras soltas,
o tempo riscando o corpo,
cabelos ao vento;

Renda-se como eu me rendi...

Bilhetinho


Ando em fases
de deixar o vento
embaraçar os meus cabelos,
embaralhar meus pensamentos...

Ando em fases
de ser uma biografia esparça,
entregue aos cuidados
desse mesmo vento que
ora me lambe com as saudades
de momentos sentidos à flor da pele,
ora me chicoteia com os arrependimentos
do que ficou pela superficie
e nunca foi aprofundado.

Ando em fases
de consentimento,
de entrega total,
de sorrir à toa,
de sonhar acordada,
de seguir sem pensar,
de amar apaixonadamente.

Ando mais dobrada
que bilhetinho de amor...

5.9.09

Superfaturado

Estou no tempo
onde o tom de falar
como se o presente
passado já fosse
e vice-versa,
me mantém em formol.
Não sei se fico
ou se parto.

Talvez me aparte
desse tempo
que é um parto,
antes que ele, o tempo,
crie raízes e,
eu perca o tempo desafinando,
desafiada e conservada
na estática fora do tom.

12 anos atrás..)

Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....