Algumas circunstâncias que envolvem a natureza e suas intempéries
24.2.09
Tempo de dar um Tempo por causa do "Temporal"
Algumas circunstâncias que envolvem a natureza e suas intempéries
Confissão
Sou culpada pelas mentiras
Que sou obrigada a dar.
Não as nego, foram muitas.
Fui condenada por cada uma delas
E serei julgada também
Pelas que ainda hei de dar,
Se não as dei foi por falta de oportunidade.
O que queria mesmo era não
Ter de mentir para mim mesma.
Condenações que bastem
Ou sentenças que as redimam.
- E o que me resta:
A culpa é inerente as pessoas
Que trazem arrependimentos.
A minha natureza não carrega culpas
Porque não se arrepende,
Nem mesmo pelas que nego.
Prefiro sangrar,
Morrer aos poucos...
A condenação é o
Cumprir da sentença
Admitidos ou não,
Nos pesem no coração.
- E o que me resta:
Seguir pela vida
Com algumas culpas
Tatuadas na alma
E o coração esmagado
Pelos arrependimentos
Que sempre nego.
A lição necessária e urgente
É o dever de não ter
Que mentir para mim mesma.
20.2.09
Fragmentos Sibilados
Transito entre a mutação
Do nomadismo sentimental,
Entre a poética e a agonia
Da consciência e a existência
Não desejo existir,
Quero viver.
Existir me anula,
Viver dói, sente-se
A consciência mutila
Então prefiro a loucura.
Ser consciente me extenua
A loucura me esvazia.
A poética me remete a mim
E de mim quero sair,
Preciso fugir dessa que me mantém
Acorrentada ao espectro do que não fui.
Quero a poesia
Quando ela me adorna
E adula exageradamente
A agonia por vezes me consola
Mas não estou acostumada
A ser consolada
Não tenho dores a consolar,
Preciso das dores no estado bruto.
Sinto sede e fome de viver
Plena de loucura
E agonias poéticas
Bem nutridas e saciadas
Mesmo que em sentido ilusório
19.2.09
Sombras
Sombras, e a paisagem descansa
Brumas que envolvem Idéias não definidas
Sentimentos confusos.
Sem a escuridão,
A luz não despertaria ao amanhecer
As estrelas do céu
Não sorririam sem o breu a recebê-las
A lua não refletiria
A luz do sol em que se revela,
Se o firmamento não fosse vazio de luz
Seria caos e angústia
Brilha lua, sem luz própria
Brilham estrelas
Em pano de fundo sem fundo
Sombras observam a distancia
Querendo muito que
A luz se movimente, mas nada podem
Mistérios não revelados,
Cumplicidades partilhadas
À espera
Dia e noite,
Luz e escuridão
Calar mais do que falar
Sim e não
Versos e reverso
Amor presente
Cultivado em luz e sombras
Luz
Do sol razão
Da lua sem promessas
Das estrelas risonhas
Que nada sabem
Silêncios que não
Se querem entendidos
E em verso a poesia descansar
Sombras vivas ao amanhecer
De sentimentos conhecidos
Que podem ser controlados
Sombras à tarde enfraquecidas
Como lamento de amantes ausentes
Sombras resguardadas ao anoitecer
Das paixões que não podem ser vencidas
E vai ser sempre assim
Sombras revelando-se à luz
E sempre distantes
Da noite que se revela,
Confessa mas não se entrega...
O dia lúcido de sombras,
A noite quieta de luz.
Foto: Morskaya
Ouvindo:http://www.muleke-malukinho.net/nacionais/nac_f/Fernanda_Takai_-_Descansa_Coracao_(mm).mid
Palavras Silenciosas
Diga-me, pois não irei
Perguntar novamente.
Se eras tu quem despertavas
Minhas palavras
Porque elas se tornaram
Tão silenciosas
17.2.09
Fina Estampa
Sorrateiramente
No fim, fica o nada
E na ponta,
Que deu o nó
A certeza de que
O ponto não eram pontes
E sim,
Ribanceiras...
"- Sem problema",
(como se diz na giria
para tudo que não depende de nós)
Voltamos aos becos
Onde. mesmo cansados,
Ainda é o onde nos
Mantemos seguros.
Sorrateiramente descrentes,
Porque acreditar também dói.
Foto: Oleg Birioukov
16.2.09
Veios
7.2.09
Colombina Insone
Ela tomou fôlego,
Escrever uma carta de amor
Seria mais poético,
Lúdico
Leve,
Pessoal...
Mas mundos de mensagens rápidas
Pedem alguma distância
Apesar de aliviarem esperas
E suprirem à ansiedade da espera
Que sempre nos trazia
Presos às angústias dos “se”
Sobrou um espaço eletrônico
E palavras que precisavam fluir
Deteve o impulso, e repensou
Pela segunda vez
Na imprudência
Ou não,
Da escolha que fermentava a sua vontade.
A serenidade é uma virtude,
Que por vezes acolhe até as mentes menos sábias.
Naquele momento,
Colocou de lado sua cólera
E a amordaçou com eficácia,
Mantendo a paz quente,
Isolada das emoções
Que a impediriam de seguir adiante.
Resgatou o espírito e salvou a razão,
Seguiu em frente tecendo as palavras
Que trariam de volta a serenidade,
A liberdade,
O sono possível,
Cortou as amarras invisíveis
Que a mantinham cativa
De uma fantasia de Colombina insone
Adeus
Saudade não pode,
Nem deve,
Ser traduzida como nostalgia.
Essa implica conforto,
Saudade é sentimento
Golpeado por ventos demais
Para ser nostálgica.
Saudade pode ser
O sentimento de fúria
Quando se ouve a palavra
ADEUS
Com calma além da conta,
Do esperado,
Do desejado,
Do necessário...
Que seja então
ADEUS
Por já ser saudade anunciada...
Tela: Cristina Ruiz
5.2.09
Retorno
Meu amor por ele retorna...
Amor por suas jornadas,
Por seus cansaços suspirados
Mas de leve suportar.
Amor por suas curiosidades
Cheias de apetite sempre saciado.
Por suas triste falta de ilusões,
Pois sem ilusões ele evitou desilusões.
Ainda pulsa nele alguma vontade
De ter ilusões, mesmo que seja só vontade.
Amor pelas certezas que o cercam,
Como a de manter seu mundo imutável,
Ao menos sem grandes abalos.
Sitiado pelas cercas de sua cidadela,
E o desejo em segredo de que algo
Possa fazer seu coração bater mais acelerado.
Amor pela sua necessidade por dias de sol,
Seu apego ao mar,
O amor incondicional pelos seus.
Amor as suas palavras vadias,
Dadas a esmo até saciar sua sede
De palavras soltas,
Às quais se dedica até matar a fome,
Para depois partir
Sem o compromisso estreito de voltar.
Meu amor por ele retorna...
Amor por sua honestidade
Crua e bruta,
Mas nunca desbotada
Ou corrompida.
Meu amor por ele finda
Em nossas ausências
Sempre amadurecendo
Em sua sabedoria rústica
De quem viveu e aprendeu
Algumas lições
Sem deixar de passar
Por grandes ou pequenos sofrimentos
Cheio de gratidão pelo que recebeu e recebe
A cada dia seu de cada dia
Meu amor por ele retorna sempre,
Sem data marcada,
Sem normas estipuladas.
Meu amor por ele é livre como o vento
Que faz girar a rosa-dos-ventos.
Pulo do Gato
Meu abraço entregue
Em teu abraço,
Eu me inventava
Para te enlouquecer
E as tuas respostas
Nunca alcançavam
As minhas perguntas
Eu, entregue estava,
Em tuas mãos
E no tempo
De quem tem pressas,
Eu bebia e escorria
Por entre os teus dedos
E tal gato,
Pulava para a noite
Seguindo por uma
Estrada de silêncios
Já não pensava mais,
Enquanto atravessava
A primeira viela,
Nos teus carinhos,
E do teu abraço
já me esquecia...
Ouvindo: Deixas Em Mim Tanto De Ti
Aquele que amo
Pode vir de manso ou de repente.
Que venha de qualquer jeito.
Aquele que eu amo,
Tece em mim essa paixão, desmedida.
Aquele que amo, me faz bela
Como a nenhuma outra.
Aquele que amo, desperta meus sorrisos,
Até os que não quero colhidos.
Aquele que amo, me resgata das tormentas,
E me faz navegar em águas calmas.
Aquele que amo, fere tão profundamente,
Que alivia todas as dores adormecidas.
Aquele que amo, acalma minha pressa.
Quando avanço pelas frestas dos meus abismos.
Aquele que amo, é meu ponto final.
Ouvindo: A Festa
Foto: Augusto Peixoto
3.2.09
Sem Saber Se o Querer é Querer
No dia seguinte a despedida,
Ficou um gosto de querência
Um vazio estático
Paralisado,
imóvel,
firme,
em repouso.
Nem mais um dia,
Talvez meio dia
E já tinha passado
Decorrido,
Findo;
Hoje me vieste por acaso,
Sem saber se o querer
Era um querer
Ou quase querer
E eu percebi
O quanto andava saudosa
Sem saber a saudade
Da sensação de índole pacífica,
Serena e mansa
Que as tuas palavras me trazem
Sempre que as recebo,
Sem saber se as quero.
Palavras cultivadas
Nem sempre em solo fértil,
De poda fácil,
Abrigadas das intempéries
Mas sempre tão bem vindas
Em sobra do som
Da existência insistente,
No desejo da vida
num sopro leve da calmaria
De sentir a palavra branda,
e reconhecer,
Sem dilacerar os sentidos,
E sorvi em goles pequenos
Apenas para matar a sede
Não a perene,
Antes a que não se sabe sede
2.2.09
Mulher na Cama, (é) Chama
Mulher na cama
Chama seu homem
Como a vela dresfraudada
De uma nau que desliza
Em lençóis brancos
Como mar de espumas
Como o mundo secreto de um jardim
De flores sobre arcadas
Que sombreiam caminhos
Como raios de sol
Que lambem montanhas
Aquecem vales
Iluminam grutas abissais
Mulher na cama
Quando chama,
É chama de seu homem
12 anos atrás..)
Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....
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O amor tinha data para acabar, foi suicida por ser verdadeiro em seu curto sopro de vida. O mergulhar de corpo e alma só aconteceu porque el...
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"É para lá que eu vou Para além da orelha existe um tom, à extremidade do olhar um aspecto, às pontas dos dedos um objeto - é para l...