Palavras Forjadas

Amanheci perdida das minhas palavras e, 
apesar de me sentir saudosa delas, 
a sensação era a de que elas nunca me pertenceram, 
não eram minhas. 

Quero uma palavra que não alcanço, 
a palavra que apaziguará as palavras 
que me sobram em silêncios, 
e refreará qualquer nesga de fúria 
das palavras tempestivas 
cuidando para que as mesmas não rasguem a carne. 

A palavra que manterá tudo em serena compreensão, 
para que não venham a sucumbir em arroubos 
desatinados das palavras paixão, 
separando cada palavra, umas das outras, 
para serem usadas delicadamente, 
tudo feito em efeito e de modo que, 
uma seguirá a outra 
formando algo que faça sentido, 
chegar a algum lugar, para tocar alguém... 

Tudo que tenho é uma náusea doce na boca, 
os dedos escorregando a esmo 
por sentirem falta do papel e da tinta
para se tornarem palavras vivas, 
voando na forca dos ventos, 
palavras eólicas... 

Palavras reveladas 
de maneira verdadeira e genuína, 
nascidas na alma e forjadas na carne, 
que nunca serão palavras de estragos, 
apenas palavras de ternura. 

Palavras que se deixem sorver 
sem amarras  e cinismo,
palavras que sejam lançadas 
onde podem ser semeadas e cultivadas, 
palavras colheita que possam ser alcançadas.

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