21.1.08

O Apanhador de Conchas

Pretendo encontrar muitas conchas, algumas respostas e talvez uns poucos versos...

Volto em breve, até....




"uma vez, na rua, cruzei-me com um apanhador de conchas. tinha os olhos feridos pelo sal, as mãos abertas pelo ácido das marés os lábios gretados por versos inacabados. recitou-me fórmulas do campo; anunciou-me a verdade de antigas profecias. olhei para cima: e o céu continuava azul, como se nada se passasse. mas ele abriu o cesto das conchas; e um movimento de caranguejos mostrou-me o fundo da existência. talvez eu estivesse a falar com um morto; ou as suas palavras me distraíssem do verdadeiro significado das coisas."para que serve a poesia, afinal"? e continuou o seu caminho, para que eu seguisse o meu, como se nunca nos tivéssemos encontrado."




Nuno Júdice, último livro "As coisas mais simples"
edições Dom Quixote




(fotografia de autor desconhecido)

Um comentário:

Anônimo disse...

nem partiste e já me ponho a olhar a tela cheio de saudades

12 anos atrás..)

Escrevi esse texto há anos atrás, ia para o lixo não fosse a leitura mais atenta. O que mudou de lá para cá? A resposta fica para o final....