Ata-me


Não quero a liberdade dos normais,
das pessoas corretas,
das contas pagas,
de um dia após o outro,
de uma noite tranquila,
da mesa posta,
da cama arrumada...

Cansei
de calar para não polemizar,
de engolir cobras e lagartos
das pessoas que varrem a sujeira
para debaixo do tapete,
das que agradecem,
das que esquecem de agradecer ...

Cansei

das culpas que não são minhas

de apontarem a maldade que não possuo

de ter de calar quando quero gritar,

de me verem e não olharem,

de me ouvirem e não me escutarem...

 

Cansei

da hipocrisia de quem não olha ao redor

de quem lamenta suas agruras

incapaz de ter empatia pela dor de outrem

 

Cansei de ser aquela que inventas

porque não consegues aceitar aquela

que realmente sou

 

Cansei

de estar sempre errada

até quando não estou

 

Se me aceitas
desvairada e adversa,
meiga e contraditória,
humanamente imperfeita,
Ata-me

ou me esquece...


Um comentário:

Pinguim Gelado disse...

Gostei das palavras! Parece torto, doido e complicado demais... Será por isso que a gente se dá bem? Eu devo, falo demais, debocho, choro, brigo e faço espetáculo quando tudo o que eu deveria fazer era, tão-somente, ficar de bico fechado...
Não quero nada menos que isso...
Preciso e gosto de amor desse jeito...
Adoro uma revolta e um dramalhão, Cê sabe, né?
Beijos!

Música

  Na tua boca brilha a lua, ouço jazz O teu abraço é ninho onde quero me embalar em blues... Em tuas pernas seguir teus contornos sendo samb...