Caminhos

 
Quando eu morrer
não quero ritos fúnebres,
velório de corpo exposto,
descer a terra para “repousar”
num buraco escuro
onde os vermes aguardam o banquete.
 
Não quero flores, coroas
e frases feitas em dizeres
que não me dizem nada.
 
Nada de orações, cânticos
e leitura de textos sagrados,
leiam uma poesia:
A Palavra de Drummond de Andrade
ou
Poeminha do Contra de Mário Quintana;
 
Clarice seria muito existencial para a ocasião
E Hilst muito provocativa.
 
Se houver música de fundo,
que seja Anunciação de Alceu Valença.
 
Tornem meu corpo cinzas
espalhando-as na curva de um rio,
para que o canto dos pássaros
possa me acompanhar
entre vales e montanhas
por onde quero seguir para abraçar o mar.
 
Se tudo isso for muito complicado
levem-me direto ao mar,
todos sabem qual litoral
quero alcançar
e, quem sabe descansar...
 
Tenho apenas dois pedidos:
Juntem às minhas cinzas
as das pequenas que partirem antes de mim

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