Das coisas boas que
deixaram
suas marcas na minha vida.
Das outras não sinto saudades.
Sinto saudades quando vejo retratos,
quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz arquivada na memória,
quando me lembro do passado
sem o passar à limpo...
Amigos que nunca mais vi,
da minha infância,
da adolescência,
também sinto saudades daquela jovem adulta...
Sinto saudades do meu primeiro amor,
do segundo,
do terceiro,
do penúltimo
e do último
que também foi o primeiro,
daqueles que ainda vou viver,
sinto saudades...
Não sinto saudades do presente
que estou vivendo pelo meio
porque não o vivi completamente,
quando era passado
e que agora não me pertence
Do futuro, que não idealizo,
sinto saudades.
Sinto saudades
das perspectivas
que não alimento,
será possível sentir saudade
do que ainda não é lembrança
guardada na memória não vivida?
De quem me deixou
e
de quem eu deixei,
de quem não apareceu,
de quem sempre esteve ao lado,
de quem me viu e me enxergou,
de que me adivinhou sem ter me visto,
sinto saudades...
Dos que se foram
e de quem não me despedi,
dos que se afastaram quando estava perdida em sonhos,
dos que me afastei por não querer sonhar,
de quem passou na calçada contrária da minha vida
e só enxerguei de vislumbre,
de quem abandonei sem pudores,
sinto saudades...
Dos livros que li,
dos discos que ouvi,
do que vivi,
do que morri por viver,
do que passou por mim e não vivi,
do que vivi pelo meio, sinto saudades...
Do “não sei o que”,
do não sei onde,
do que tenho,
do que perdi,
do que nunca tive,
de quem nunca me teve, sinto saudades...
Sinto saudades de mim...
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